Prudente diz que dinheiro nas meias era de caixa dois

O deputado distrital Leonardo Prudente (sem partido), flagrado em um vídeo recebendo maços de dinheiro e guardando-os nos bolsos e nas meias, entregou hoje à Corregedoria da Câmara Legislativa sua defesa no processo em que é acusado de quebra de decoro parlamentar.

Ele reafirma, no texto, o que disse há cerca de dois meses: que o dinheiro não era do esquema de corrupção chamado “Mensalão do DEM”, e sim parte de um caixa dois que seria usado na campanha eleitoral de 2006 (sem prestação de contas à Justiça Eleitoral).

Se for absolvido no processo, Prudente cumprirá seu mandato até o final do ano; do contrário, sofrerá sanções que vão de simples advertência à perda do mandato somada a oito anos de inelegibilidade.

Segundo investigação da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, o deputado era um dos beneficiários do “Mensalão do DEM”, que teria como chefe o governador José Roberto Arruda (sem partido).

O dinheiro era recolhido de empresas contratadas pelo governo e distribuído em forma de mesada a secretários de governo, assessores e deputados da base aliada.

“Eu fui vítima de chantagem”, afirma Prudente na defesa apresentada à Corregedoria da Câmara. Hoje, Prudente insistiu na tentativa de explicação: “Foi uma doação não contabilizada”, alegou.

Oração da propina

O deputado procurou esclarecer também cena de outro vídeo, em que aparece ao lado do deputado Júnior Brunelli (PSC) agradecendo a Deus “a bênção” que representava para eles Durval Barbosa, responsável pela distribuição de propinas e agora exonerado do cargo de Secretário de Relações Institucionais do governo Arruda. “Aquela oração não teve absolutamente nenhum contexto econômico”, disse hoje. E concluiu: “A minha expectativa é de absolvição.”

O corregedor da Câmara, Raimundo Ribeiro (PSDB), tem prazo de 15 dias para elaborar um parecer que dirá se o processo contra Prudente deve ser encerrado ou encaminhado ao Conselho de Ética da Casa.

Além de Prudente, outros sete deputados distritais são citados como beneficiários do “Mensalão do DEM” e respondem a processo disciplinar na Câmara. Seis deles já apresentaram defesa.