Clima tenso

Princípio de briga entre deputados quase interrompe debate sobre impeachment

Deputados contrários e favoráveis ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff trocaram insultos e empurrões no plenário da Câmara dos Deputados por volta da 0h45 deste domingo (17). A discussão acalorada aconteceu depois que o deputado Vítor Valim (PMDB-CE), da tribuna da Casa, chamou os petistas de “bandidos”. Inconformado, o petista Sibá Machado (AC) foi tirar satisfação.

“Ele chamou a gente de bandido. Eu fui lá falar com ele, que estava olhando para o outro lado. Então, peguei no braço dele para ele olhar para mim, e ele disse que eu o agredi”, disse Sibá. “Disse a ele: ‘Se você estiver aqui na hora em que eu for falar, eu vou lhe dar um pau. Vou devolver o que você disse’”, acrescentou o petista explicando que rebateria as ofensas de forma verbal. “Não vou brigar. Não brigo com ninguém”.

Valim contou que Sibá foi ao seu encontro e o agrediu. “Fiz meu discurso e, quando estava saindo, o Sibá veio ao meu encontro, bateu no meu peito, dizendo que, se eu ficasse no plenário, ele ia acabar comigo. É inadmissível, no Parlamento, quem discorda de ideia vir para o contato físico. Eu reagi à altura”, argumetou o peemedebista.

A confusão não chegou a interromper a sessão destinada às falas individuais dos deputados que se inscreveram para debater o parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), favorável à admissibilidade da denúncia contra Dilma. 

Início

O clima na sessão começou a  esquentar pouco depois de três horas do início. Na sessão reservada pra discursos individuais, o tumulto começou quando o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) assumiu o microfone para um pronunciamento no lugar do deputado Helio Leite (DEM-PA), que estava inscrito, mas não presente no plenário. Após protestos de parlamentares contrários ao impeachment, Beto Mansur (PRB-SP), que preside a sessão, cortou a fala de Fraga.

“Vocês estão com medo, são um bando de corruptos”, disse Fraga, aos gritos. Ele foi rebatido por parlamentares do governo. “Aqui não ganha no grito. Sai da tribuna, golpista”, disseram parlamentares. Fraga desceu e foi a um dos microfones utilizados para o aparte, mas não teve tempo de falar. Após críticas de Valdir Prascidelli (PT-SP), Fraga partiu para cima do petista com o dedo em riste e foi recebido da mesma maneira. Ambos foram separados e o clima se acalmou.

Após alguns discursos seguintes, Mansur pediu, sem sucesso, “calma e respeito” aos parlamentares e lembrou que a sessão estava sendo transmitida para todo o País. No discurso seguinte, o deputado Rocha (PSDB-PA) foi interrompido pelos gritos de “não vai ter golpe”. Depois do deputado paraense, Gilvaldo Vieira (PT-ES) começou o discurso, agora sob críticas de parlamentares da oposição, e os mandou calarem a boca.

Mansur tentou novamente acalmar os ânimos, pediu colaboração dos deputados e concedeu mais um minuto a cada um dos dois parlamentares, que conseguiram encerrar os pronunciamentos. No entanto, após outras falas, João Rodrigues (PSD-SC) também foi interrompido por gritos de deputados governistas e rebateu: “fica quieto, vocês ofendem o povo brasileiro todos os dias. Enquanto eu falo na tribuna, calem a boca”.