Pré-candidatos apelam a Temer

O camarote do governo do Rio foi, novamente, cenário ontem de articulação política para o pré-candidato a presidente Anthony Garotinho (PMDB), no segundo dia do desfile das escolas de samba do Grupo Especial. Garotinho avisou que se unirá ao governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), pré-candidato a presidente, e pedirá ao presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), providências para impedir "um golpe" nas prévias da legenda, marcadas para dia 19.

A expectativa é de que Michel Temer deverá visitar o camarote do governo fluminense neste sábado, quando acontece o desfile das campeãs do Carnaval carioca. Ontem, no camarote, Garotinho afirmou que o senador José Sarney (PMDB-AP) e o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), da ala governista, que defendem um possível adiamento das prévias da sigla, não têm maioria na agremiação. "São caciques para poucos índios", afirmou Garotinho.

Inicialmente, ele evitou citar Sarney e Calheiros, afirmando que não "nominaria" os adversários. Mas depois, indagado sobre eles, não hesitou em questionar a postura dos dois, chamando-os de caciques. Garotinho, que conversou na manhã de ontem com Rigotto, no Palácio das Laranjeiras, na capital fluminense, disse que eles solicitarão ao presidente nacional do PMDB que use advogados do partido para evitar "tentativa de golpes", como considera o adiamento ou esvaziamento da prévia. "Estamos juntos em qualquer situação; eu e ele (Rigotto), vamos manter contato para evitar problemas", disse.

O ex-governador disse também que, definida a candidatura da legenda a presidente, representantes da sigla devem sair da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Se o PMDB tiver um candidato, não fica bem ficar no governo, seria uma bigamia. Não fica bem para o Lula nem para o partido", disse.

No domingo, primeiro dia do desfile no Sambódromo, Garotinho e a governadora Rosinha Garotinho (PMDB), pré-candidata à reeleição, receberam a visita do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), também pré-candidato a presidente, com quem conversaram por alguns minutos, a portas fechadas. O governador do Rio Grande do Sul, que foi esperado por toda a noite de domingo no camarote, apareceu no meio da madrugada, após deixar o espaço da Brahma, mas Garotinho já tinha ido embora.

Abalo

A candidatura própria do PMDB passa por momentos difíceis, depois de empolgar uma parte expressiva do partido. A razão dela correr perigo é a confluência de dois fatores: as pesquisas de opinião mostram que, o melhor candidato do partido e o mais rejeitado pelas lideranças regionais, Anthony Garotinho, não consegue decolar do patamar dos 15%, enquanto Germano Rigotto, o que aglutina amplos setores da cúpula, estacionou nos 2%, índice insuficiente para encorajar vôos mais longos.

Em contrapartida, os governistas do partido, que estavam acuados com a proposta de candidatura própria, ficaram fortalecidos com a performance revigorante de Lula nas mesmas pesquisas. O presidente deseja atrair o PMDB e os peemedebistas encastelados no governo vêem uma eventual aliança como a maneira mais segura de continuar onde estão, no poder. Assim, as coisas complicam para Garotinho e Rigotto. 

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