A bancada do PMDB na Assembléia Legislativa vai se encarregar de promover a devassa nos oito anos da administração do ex-governador Jaime Lerner (PFL). Os deputados peemedebistas estão procurando os aliados em busca de apoio para criar algumas comissões parlamentares de inquérito destinadas a remexer em temas que sustentaram o discurso da antiga oposição. Agora, levados pelas urnas do ano passado à confortável posição de governo, os peemedebistas se articulam para desencadear um processo de investigação de algumas ações de Lerner.
Os peemedebistas planejam começar o ano legislativo no próximo dia 17 com requerimentos prontos para instalar pelo menos três CPIs. Por ordem de prioridade estão: Jogos Mundiais da Natureza, contratos com as concessionárias de pedágio e terceirização de serviços públicos.
Durante o mandato de Lerner, a oposição capitaneada pelo PMDB fez várias tentativas de criação de CPIs para apurar denúncias de irregularidades na realização dos Jogos Mundiais da Natureza, em 97, em operações de vendas de ações da Copel e sobre a privatização do Banestado. Foram esmagados pela bancada aliada do ex-governador, que sempre chegava antes e instalava outras CPIs no lugar, sobre temas bem diversos daqueles levantados pela oposição.
O exlíder da bancada do PMDB na Assembléia, Nereu Moura, diz que agora é a hora de quebrar o jejum das CPIs. “Passamos oito anos sem conseguir investigar nenhuma das denúncias que fizemos. Agora, queremos resgatar a dignidade da Assembléia e ajudar o governo no processo de moralização administrativa e na restauração da transparência das ações do Estado”, justificou o deputado.
Palco
As CPIs que os peemedebistas querem criar servirão não apenas para reavivar as acusações contra os adversários políticos, mas também para marcar o espaço da Assembléia num cenário em que o Executivo ameaça roubar a cena dos deputados. Ao mesmo tempo em que saudaram a decisão do governador Roberto Requião (PMDB) de acabar com a exigência de aprovação em plenário dos pedidos de informações sobre o governo, uma parte da base de sustentação do Palácio Iguaçu comenta reservadamente que o novo governador pode ofuscar o Legislativo.
O temor levou os deputados a discutir um acordo para que os pedidos de informações sejam apresentados à Mesa Executiva, que teria a prerrogativa de encaminhar os ofícios para o governo.