PMDB do Paraná vai às prévias de qualquer jeito

Com ou sem amparo judicial, o PMDB do Paraná decidiu que irá realizar as prévias para escolher o candidato à Presidência da República, amanhã, dia 19. A votação começa às 9 horas, no Paraná Clube, em Curitiba, e será encerrada às 17 horas. Além do Paraná, também farão prévias Rio Grande  do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. 

O presidente estadual do partido, Dobrandino da Silva, e o secretário geral, Luiz Claudio Romanelli, anunciaram ontem à tarde a decisão de levar o processo adiante, mesmo com a suspensão da prévia por meio de liminar concedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a um mandado de segurança impetrado pelo grupo que defende a aliança com o governo do presidente Lula (PT) na sucessão presidencial.

"Nós vamos realizar tudo igual porque essa decisão do STJ é o fim do mundo. Por isso, vai ter prévia. Com ou sem permissão da Justiça", afirmou o presidente estadual do partido que, ontem à tarde, coordenava a mobilização partidária em todos os municípios, convocando os 1.866 delegados a comparecerem à votação.

Além do Paraná, os outros dois estados do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, também irão ignorar a vigência da liminar, caso seja mantida, informou a direção estadual do PMDB. No Rio Grande do Sul, o governador licenciado Germano Rigotto é pré-candidato e não pretende perder o maior colégio eleitoral do País, com 3.155 votos. Em Santa Catarina, o governador Luiz Henrique da Silveira está apoiando Rigotto, a exemplo do que ocorre no Paraná, onde o governador Roberto Requião demorou, mas optou pelo candidato gaúcho.

Para Dobrandino, a convocação dos delegados têm que ser intensificada porque existem muitas possibilidades de ser cassada a liminar dos governistas. "Nós vamos continuar brigando, dentro da legalidade. Não vamos permitir que entreguem o partido ao Lula, como fizeram quando entregaram nosso partido para o Fernando Henrique Cardoso", afirmou o dirigente estadual.

Segundo Romanelli, a decisão do STJ foi ilegal. Ele citou que o ministro que concedeu a liminar, Edson Vidigal, irá se aposentar no final deste mês e concorrer ao governo do Maranhão, com o apoio do senador José Sarney, uma das lideranças peemedebistas que trabalham para evitar as prévias e fazer com que o partido apóie a candidatura do presidente Lula à reeleição.

Romanelli afirmou que, ainda que seja suspensa, a liminar irá desmobilizar parte do contingente de delegados às prévias deste domingo. Mas ele acredita que, no Paraná, será atingido 80% de participação dos convencionais. "Aqui, não tem risco de faltar quórum", garantiu.

Romanelli disse que o PMDB não tem medo de afrontar a decisão judicial, que determinou a suspensão das prévias. "Nós já temos um histórico de enfrentamento de decisões judiciais absurdas", afirmou.

Até ontem, o PMDB estadual não havia registrado nenhuma posição contrária à realização das prévias entre as bancadas estadual e federal. Conforme o secretário-geral, todos os deputados federais e estaduais se manifestaram a favor da candidatura própria. Mesmo na bancada federal, onde os peemedebistas são mais suscetíveis à influência do governo federal, os deputados paranaenses estariam divididos somente em relação aos candidatos. Uns estão apoiando o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, como Hidekazu Takayama, e outros votam em Rigotto, como o relator da CPMI dos Correios, Osmar Serraglio. "Por enquanto não temos nenhum caso que nos levaria a analisar a cassação da legenda para concorrer em outubro", disse o secretário-geral. 

Ala governista obtém liminar no STJ e barra prévias do PMDB

A ala oposicionista do PMDB, que defende a candidatura própria para presidente da República, sofreu um duro revés ontem. Sem votos para derrubar na executiva nacional do partido a realização de eleições prévias para escolher o candidato neste domingo, os governistas deram início a uma guerra jurídica e venceram a primeira batalha.

Amigo pessoal do senador José Sarney (PMDB-AP), que lidera o movimento dos governistas contra a candidatura própria ao Planalto, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Edson Vidigal, concedeu liminar a uma reclamação do grupo, suspendendo as prévias.

A liminar não surpreendeu o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que já estava preocupado com esta possibilidade e desde o início da semana tentava reunir argumentos jurídicos em defesa da consulta interna. Como a convenção nacional que decidiu pelo lançamento de um candidato do partido à presidência da República, ainda está sendo questionada pela Justiça, Temer sabia que havia brecha para a reclamação dos governistas.

Para seus companheiros, no entanto, o maior problema é que só o próprio Vidigal poderia rever sua liminar e, sendo amigo de Sarney e cotado para disputar uma cadeira de senador pelo PFL do Maranhão, ninguém acredita que ele o fará.

Assim que tomou conhecimento da decisão do STJ, Temer procurou os dois pré-candidatos – o ex-governador Anthony Garotinho (RJ) e o governador licenciado Germano Rigotto (RS) – que interromperam a campanha pelo País e voltaram a Brasília, para ajudar na mobilização em favor das prévias.

No meio da tarde, Temer e Garotinho foram juntos ao STF, tentar contornar a situação. Como Vidigal embarcara para o Maranhão logo cedo, para lançar um livro de sua autoria, os dois conversaram com o ministro Hamilton Carvalhido.

A guerra de liminares não é novidade no PMDB. Afinal, foi exatamente assim na convenção nacional de dezembro de 2004. "Lamento que essa disputa tenha ido para o campo judicial, quando deveria ser só político", disse Temer, ao assegurar que a mobilização em torno da consulta interna será mantida em todo o País. Tanto ele quanto Garotinho insistem na tese de que 85% dos 22 mil eleitores irão participar das prévias de amanhã. Não é o que pensam os governistas.

Mesmo que a consulta se realize, hipótese da qual os aliados do Planalto duvidam, a ala governista ainda terá a alternativa de uma convenção nacional, no dia 8 de abril, para derrubar o candidato que eventualmente sair da consulta partidária. Líderes do grupo avaliam que a batalha jurídica lhes favorece, independentemente do resultado.

O argumento neste caso é o de que a briga vai ajudar a desmobilizar os peemedebistas para a consulta interna em vários Estados. Eles acreditam que, mesmo que as prévias aconteçam, pelo menos dez diretórios estaduais não irão realizá-las. Apostam por fim que, com participação reduzida nas prévias, o eventual candidato sairá enfraquecido e sem legitimidade, tornando-se um alvo fácil na convenção de abril.

Voltar ao topo