Petistas questionam conceito de mensalão, mas pedem punição

Brasília – Durante a crise política do primeiro mandato do governo Lula, vários petistas questionaram a existência do conceito de mensalão, esquema denunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson que consistiria no pagamento mensal de recursos fora da contabilidade do partido para comprar votos de apoio aos assuntos de interesse do governo. Passados cerca de dois anos das denúncias, ainda há questionamentos por parlamentares e políticos sobre a tese do mensalão, mas com o reconhecimento da existência de um esquema paralelo de arrecadação que envolveu membros do partido.

O deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), por exemplo, líder do partido após a renúncia do então líder Paulo Rocha (PT-PA), que recebeu recursos para custear despesas de campanha, argumenta que não ficou caracterizado a existência do mensalão, na forma de pagamento mensal para apoio político. Ferro assumiu a liderança no partido no auge da série de denúncias que envolveram o partido e membros do governo. Segundo ele, o período em que foi líder foi o período que o ?fogo queimou mais o partido? e tinha como objetivo recompor a bancada.

"Não houve mensalão. Não está caracterizada a figura da contribuição mensal, mas sim um processo de arrecadação paralelo para as campanhas eleitorais, uma espécie de caixa 2, inclusive que foi conduzida por setores do PT sem o conhecimento do conjunto do partido?, disse. O deputado relata que ele, como petista, nunca tinha ouvido falar do empresário Marcos Valério e suas relações com a tesouraria do partido, então exercida por Delúbio Soares.

Outro petista, o deputado Paulo Rubem Santiago (PT), um dos coordenadores da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, cobra uma punição dos envolvidos no esquema de arrecadação e distribuição de recursos a políticos. Segundo ele, a ?grande movimentação de recursos? não pode ser necessariamente caracterizada como ?mensalão?, contudo não se poderia negar a estrutura de captação de recursos similar ao caixa 2.

?Ficou evidente quando o deputado Roberto Jefferson resolveu se defender após as denúncias contra seu partido. Ele, que era bem próximo ao governo, ao sentir seus interesses feridos, caiu atirando e deu a nomenclatura a suas denúncia de mensalão. Está provado que havia uma estrutura de arrecadação fora do partido. Houve uma grande quantidade de recursos, não necessariamente pode ser chamado de mensalão. As peças da investigação precisam ser analisadas para julgar esse caso?, explica Santiago.

O deputado petista avalia que depende de uma investigação mais detalhada para saber se os recursos eram públicos ou não, o que ainda não ficou comprovado. O que se nota, segundo ele, é que as bancadas dos partidos da base aliada aumentavam sensivelmente no período das denúncias. Santiago afirma que o julgamento do caso na Justiça poderia iniciar a punição do esquema, mas pede que o partido também puna os envolvidos como forma de salvar o ?patrimônio ético? da legenda.

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