Pessuti admite desistir em favor de Osmar

O governador Orlando Pessuti (PMDB) admitiu ontem que poderia se retirar da disputa ao governo em nome da construção de uma aliança entre os partidos que compõem a base do presidente Lula (PT) no Paraná.

Em entrevista concedida em Corbélia, no interior do Estado, Pessuti afirmou que aguardava um telefonema do senador Osmar Dias (PDT) para continuarem a conversa sobre a aliança entre PMDB, PDT e PT.

“O que pode acontecer é deixar de colocar o meu nome para a disputa se houver o entendimento com o presidente Lula, com os deputados federais e estaduais do PMDB. A pré-candidatura foi estabelecida pela executiva do PMDB e pelos parlamentares. Não é uma opção pessoal de Orlando Pessuti e nós estamos nos estruturando para disputar a eleição” declarou o governador, segundo declarações reproduzidas por sua assessoria.

Pessuti disse que não quer desistir da candidatura à reeleição, mas que está aberto à negociação com o senador pedetista. “Eu me disponho a abrir mão da disputa em nome da unidade, mas desde que possa ter espaço político”, disse o governador.

Um dos termos da negociação é a indicação do candidato a vice-governador na chapa do senador Osmar Dias. Os nomes dos deputados Marcelo Almeida e Rodrigo da Rocha Loures foram considerados durante os contados entre Pessuti e Osmar. Pessuti conversou com Osmar na terça-feira passada e, no dia seguinte, por telefone.

Ontem, ele afirmou que se as articulações não evoluírem com o senador pedetista, está pronto a levar adiante sua candidatura ao governo para enfrentar o ex-prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB), que ocupa o primeiro lugar nas pesquisas de intenções de votos. “O adversário que hoje é forte pode não ser amanhã. Adversário a gente não escolhe. Enfrenta e enfrenta para vencer”, afirmou.

O presidente estadual do PT, Ênio Verri, disse que PT e PMDB, agora só têm que esperar pela decisão de Osmar Dias. “O PMDB mexeu todas as pedras do tabuleiro que o Osmar queria que mexesse. Tudo o que ele colocou que precisava, ele já teve, tanto do PT quanto do PMDB, inclusive com o apoio dos deputados do PMDB e do grupo do Roberto Requião, na pessoa do secretário do partido, João Arruda, que é sobrinho do governador”, disse Verri.

Para o presidente do PT, todas as exigências de Osmar foram cumpridas pelo PT e pelo PMDB, não havendo motivos para o pedetista desistir de disputar o governo.

“Ele está garantido como candidato único da base do governo Lula, com apoio integral do presidente, da ministra Dilma (Rousseff, candidata a presidente) e do PMDB. Só vamos esperar ele anunciar que disputará o governo. Qualquer decisão diferente, não fecha a conta, mas a decisão é dele”, disse, pregando, no entanto, cautela. “Tudo o que falo é no campo da expectativa e da análise do que foi conversado até agora. Mas não temos nada confirmado. Não vamos anunciar nada que não esteja confirmado igual outros partidos fizeram e levaram puxão de orelha. Mas se o Osmar não for candidato, será uma tremenda frustração”, disse.