PDT aprova a candidatura de Buarque

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Pedetistas contra a candidatura própria entraram em confronto corporal com o presidente da legenda, Carlos Lupi.

A tese de candidatura própria à Presidência da República pelo PDT foi aprovada ontem por 236 votos a 97, durante a convenção nacional do partido, no Rio de Janeiro. O candidato ao Planalto pela legenda será o senador Cristóvam Buarque (DF). Cerca de 400 pessoas participaram da escolha, entre elas integrantes da executiva nacional e delegados regionais da legenda.

O início da Convenção Nacional do PDT na Fundação Brizola, no centro do Rio de Janeiro, foi marcado por um princípio de tumulto entre integrantes do partido que defendem a candidatura própria e os que eram contra. O presidente nacional do partido, Carlos Lupi, se envolveu no tumulto e quase iniciou uma briga com o presidente da legenda no Rio Grande do Sul, Matheus Schmidt. "Partido popular é assim mesmo. Eu peço desculpa aos companheiros pelo excesso", disse Lupi após o tumulto.

O presidente da legenda defendeu a confirmação da candidatura do senador Cristóvam Buarque (DF) ao cargo de presidente da República. Já Matheus Schmidt acreditava que a candidatura própria inviabilizaria a eleição de governadores e prejudicaria as alianças regionais. Durante as discussões, o vice-presidente nacional do PDT, Jackson Lago (MA), ameaçou renunciar ao cargo caso a candidatura própria fosse aprovada. Ele pediu a Cristóvam Buarque que retirasse nome da corrida ao Planalto.

O pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, Cristóvam Buarque (DF), disse que entre os candidatos ao Planalto, Lula e Alckmin trazem o possível, mas não a esperança. Já Heloísa Helena, ex-petista e hoje candidata à Presidência pelo PSOL, traz esperança, mas não o possível. "O que nós queremos é mostrar que é possível unir a esperança ao que é possível", disse.

Buarque disse que se orgulha de o PDT não abrir mão dos princípios políticos para fazer alianças, como vem ocorrendo com outros partidos. Ele afirmou que, mesmo que alguns integrantes da legenda tenham votado contra a candidatura própria, ele vai apoiar todos os candidatos sem mágoas, mesmo sendo da outra corrente, numa espécie de convite à pacificação no partido.

Na semana passada, uma parte expressiva da bancada pedetista no Congresso – 3 senadores e 10 deputados federais – lançou um manifesto contra a candidatura própria, porque acreditava que ela seria obstáculo ao partido atender as necessidades da cláusula de barreira, segundo a qual um partido deve obter no mínimo 5% dos votos para deputado federal na maioria dos estados para ter direito a representação parlamentar no Congresso. O único senador que não assinou o documento foi Buarque.

Para justificar a sua candidatura, Cristóvam disse que a saída para o País é a educação. E que a sua principal proposta é a federalização do ensino e a tomada da proposta dos Cieps, com ensino em tempo integral. Cristóvam disse que caso o presidente Lula seja eleito, o Brasil, corre o risco de sofrer algumas mudanças em sua própria Constituição. "O presidente Lula é candidato há mais de 20 anos. Se for eleito, acho que vai ficar perplexo e pode até querer um terceiro mandato como fizeram Chávez e Fujimori, mudando a Constituição. Um plebiscito para fechar o Congresso teria muita receptividade da opinião pública. Melhor seria se ainda viesse camuflado como uma Constituinte", disse.

Alerta semelhante também foi feito ontem pelo presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Ricardo Izar (PTB-SP), em São Paulo, durante encontro em que seu partido anunciou apoio a José Serra (PSDB), para o governo estadual. Segundo Izar, o maior risco de um segundo mandato de Lula seria a falta de uma maioria no Parlamento que obrigasse o governo a buscar mais uma vez a cooptação de políticos de outros partidos ou, diante de um insucesso dessa estratégia, colocar em prática uma tentativa de enfraquecimento do Congresso mediante ataques de apelo popular.

Izar vê na política de Lula traços do populismo do presidente Hugo Chávez na Venezuela. "Preocupa-me se o presidente Lula tiver minoria no Congresso e tentar jogar o povo contra o Congresso Nacional", disse Izar. Segundo ele, Lula tem características como uma "demagogia" e "padrão chavista" de se apresentar à população, ao manifestar que o atual governo prioriza políticas sociais aos mais pobres, incentivando segregação social no País. 

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