Paraguai pede melhor tratamento ao Brasil

Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador do Paraguai no Brasil, Luis Gonzalez Arias, comentou a disputa eleitoral paraguaia, que elege seu novo presidente no próximo dia 20 e apontou as principais reivindicações do nosso vizinho em sua relação com o Brasil, principalmente em questões envolvendo o Mercosul. Arias reclamou por medidas específicas para que os países menores (Paraguai e Uruguai) tenham melhores condições para se integrar no Mercosul.

?E não é uma questão só de comércio. É assimetria mesmo, no desenvolvimento dos países e nas áreas industrial, de produção, de transporte da mercadoria e de financiamento. Não buscamos só a integração econômica, mas também política e cultural?, explicou. ?E o que vai melhorar e, conseqüentemente, diminuir a assimetria é a facilidade do comércio, o livre trânsito de mercadorias. Falamos de mercadorias da nossa região, é muito difícil neste momento, porque temos os mesmos produtos, competimos em mercados aqui dentro do Mercosul. O erro principal até agora é que o Mercosul buscou negociar entre si, e não para um mercado externo. Nós precisamos trabalhar juntos para um mercado externo, fora do Mercosul. Produzimos quase as mesmas coisas e acabamos competindo entre nós?, acrescentou, defendendo que Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai produzam manufaturas diferentes para o bloco negociar em conjunto.

Quanto às eleições, Arias comentou que, apesar de Fernando Lugo (Aliança Patriótica para a Mudança) estar liderando as pesquisas, ainda vê possibilidade de Blanca Ovelar (Partido Colorado), apoiada pelo presidente Nicanor Duarte Frutos, vencer a disputa. ?Hoje, de acordo com as pesquisas, quem tem maioria é Lugo, mas eleição se ganha com votos. E o Partido Colorado é bem organizado, é um partido que tem 60 anos no poder, tem experiência. O grupo de Lugo é um grupo de um partido que é organizado, que é o Liberal, mas não sei se tem possibilidade real de vencer as eleições?, analisou. ?Mas de qualquer jeito, se ganhar o Lugo, ou o Partido Colorado ou a Unace (União Nacional dos Cidadãos Éticos, do candidato Lino Oviedo) será preciso fazer uma aliança para poder ter governabilidade. Sem aliança, não haverá governabilidade, porque ninguém vai chegar aos 50% do votos. No máximo, 35%, 40%?, lembrou.

O embaixador também comentou o espírito de disputa que tomou conta dessas eleições presidenciais no país, que prometem ser as mais disputadas da história do Paraguai, com quatro candidatos disputando a presidência e três com reais possibilidades de vitória. ?A campanha está mais acirrada porque é a primeira vez que há a possibilidade real de o Partido Colorado perder a Presidência da República. Isso seria uma novidade. Mas, por enquanto, temos que esperar o dia 20 de abril para ver quem vai conseguir mais votos. Essa é a realidade?, disse.

No próximo dia 20, os paraguaios escolherão quem vai substituir Nicanor Duarte na Presidência do país nos próximos cinco anos. Mais de 2,8 milhões de eleitores irão às urnas, segundo dados da Justiça Eleitoral da República do Paraguai. A previsão é que o resultado oficial seja divulgado no dia 23 de maio. A posse do novo presidente será em agosto.

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