Palocci vai falar hoje sobre as denúncias

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, será questionado hoje, na CPI dos Bingos, sobre o seu suposto envolvimento em denúncias ligadas ao cargo que ocupa agora, ao período em que coordenou a campanha de 2002 do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao exercício do mandato de prefeito de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

Seu depoimento começa às 10 horas. Ele aceitou depor como convidado, depois de malogradas as tentativas do governo de excluí-lo da lista de investigados. O adiamento de seu depoimento terminou favorecendo a divulgação de novas acusações contra ele. E hoje, de acordo com a comissão, ele terá de se defender de pelo menos 10 acusações. A última delas é sobre o papel que teria desempenhado na última campanha de Lula no recebimento de US$ 3 milhões supostamente doados por Cuba.

O relator da CPI, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), lembrou que este episódio foi relatado à imprensa por dois ex-assessores de Palocci, Rogério Buratti e Vladimir Poleto. Ele lembrou que também foi o "fogo amigo" de Buratti quem o incriminou como provável intermediário do "mensalão" pago ao caixa 2 do PT pela empresa de Ribeirão Preto Leão & Leão e pela doação de R$ 1 milhão oferecido por empresários de bingos em troca da legalização da atividade no País. Os senadores estão convencidos que a proximidade de pessoas como Buratti, Poleto, o falecido Ralf Barquete e outros de Ribeirão que ele trouxe para o ministério, como Juscelino Dourado e Ademirson Ariosvaldo da Silva, não ajudam nem um pouco a defesa do ministro.

A CPI dispõe de dados telefônicos mostrando intensa atividade do grupo quando da renovação do contrato da Caixa Econômica Federal (CEF) com a multinacional Gtech, no início do governo Lula. Há ainda a suspeita de envolvimento do ministério na desenvoltura como foi criada a Seguradora Interbrazil, apontada como maior doadora para o caixa 2 do PT de Goiás em 2004, por intermédio de seu irmão Adhemar Palocci. Como prefeito de Ribeirão, Palocci terá de explicar, entre outras coisas, por que os superfaturamentos bancados pela Prefeitura em favor da Leão & Leão no caso da varrição dos quatro quilômetros do bosque municipal da cidade. A CPI dispõe de documentos mostrando que o pagamento era feito sobre a varrição diária no local de 48 quilômetros, o que implicaria em varrer o parque quase 15 vezes ao dia, com um detalhe: o contrato mostra que o trabalho era feito por apenas três trabalhadores.

Inicialmente o ministro acertou seu depoimento para o início da noite, depois de encerrada a ordem do dia. Primeiro a reagir, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) pediu a mudança do horário. Foi apoiado por colegas tucanos, sob a alegação de que o presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE), terá de viajar à tarde para acompanhar sua mãe, que fará uma cirurgia. Já os pefelistas teriam de optar entre o depoimento do ministro ou a festa de aniversário do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, em Salvador.

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