Novos depoimentos sobre caixa 2

A Polícia Federal (PF) do Paraná ouviu na tarde de ontem o depoimento de Clarita Lerner Naigeboren, irmã do governador Jaime Lerner (PFL) e esposa de Henrique Naigeboren, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

Ela foi chamada para prestar esclarecimentos sobre sua participação na campanha à reeleição do prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL). De acordo com os documentos entregues ao Ministério Público pelo tesoureiro da campanha, Francisco Paladino Júnior, Clarita teria manipulado documentos do caixa paralelo utilizado pela Coligação Curitiba Sempre Com Você. O teor do depoimento não foi divulgado para a imprensa.

Segundo as cópias de recibos do Comitê Financeiro do PFL, Clarita teria recebido no dia 16 de outubro de 2000, R$ 108 mil, a título de adiantamento para cobertura de despesas gerais. No dia 26 de outubro ela teria recebido mais R$ 274.507,41, também para pagamento de despesas gerais.

Os registros de movimento do caixa paralelo apontam que Clarita Naigeboren teria tido seu nome registrado nos dias 9, 14, 15, 24 e 29 de agosto, 15,18, 19 e 28 de setembro, 13, 16, 23, 24 e 30 de outubro e 11 de novembro. Na maioria dos casos ele aparece na rubrica ‘adiantamento’, como o registrado no dia 24 de outubro, quando ela teria recebido R$ 125 mil. Já no dia 10 de novembro Clarita teria devolvido R$ 7 mil.

Investigação

Em novembro do ano passado o jornal Folha de São Paulo publicou matéria denunciando que a Coligação Curitiba Sempre Com Você teria omitido valores gastos durante a campanha. Segundo a denúncia o PFL não teria registrado na Justiça Eleitoral R$ 29,8 milhões. A prestação ao TRE dava conta de que foram gastos R$ 3,11 milhões.

No início de janeiro, depois de dois meses de investigações, o Ministério Público encaminhou o caso à Polícia Federal, já que a Promotoria concluiu que não poderia apurar possíveis crimes eleitorais. O inquérito é composto por doze volumes, onde constam mais de trinta testemunhos, além de recibos, notas fiscais e laudos de exames grafotécnicos feitos pelo Instituto de Criminalística.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Hugo Martins, já há provas que comprovam o uso de um caixa 2 na campanha. “Em tese está configurado o crime eleitoral”, afirmou. O que está amarrando as investigações é o fato de haver apenas 5% de documentos originais. “Entre 95 a 98% dos documentos são fotocópias não autenticadas, o que impede que sejam remetidos à perícia”, lamentou. Mas, segundo Martins, apenas o caso da Editora O Estado do Paraná já serve como prova. Na prestação de contas apresentada pelo PFL à Justiça Eleitoral, o valor gasto (R$ 21 mil) é muito menor que o valor das notas fiscais emitidas pela empresa, totalizando R$ 74 mil.

Como a Polícia Federal está aproveitando os depoimentos que foram prestados ao MP, apenas as pessoas que ainda não foram ouvidas serão convocadas. Além de Clarita, o conselheiro do Tribunal de Contas, Heinz Herwig, coordenador da campanha do PFL, também já prestou depoimento. Os próximos convocados são David Campos, ex-secretário de Comunicação Social; Mário Edson Fischer, ex-secretário de Integração Regional; Deonilson Roldo, diretor da Agência de Comunicação do Governo; e Eduardo Fernandes Paim, subchefe da Casa Civil

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