Nereu acha que Bernardo blefa

O vice-presidente estadual do PMDB, Nereu Moura, acha que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, blefou ao dizer no último sábado, em Curitiba, que o PT pode se aproximar do PDT para a sucessão estadual do próximo ano, se essa aliança favorecer a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "O Paulo Bernardo está trucando. Essa conversa é impossível porque o PDT é oposição ao Lula e, aqui no Paraná, o partido tem como aliados os adversários do Lula", afirmou o dirigente peemedebista.

Para Moura, a posição do ministro petista "é uma maneira de afrouxar a cunha", ou seja, ao citar o PDT como um possível aliado, Bernardo está mandando um recado ao PMDB. "Ele quis dizer que se o PMDB não buscar logo o entendimento com o PT, nós vamos abrir interlocução com outros agrupamentos políticos", disse o peemedebista.

O aceno do ministro para o PDT não tem chances de prosperar, acredita Moura. "É lançar semente em terra infértil. O único parceiro com densidade eleitoral para o PT é o PMDB. Se o PT quer fazer um palanque forte, tem que pensar exclusivamente no PMDB", afirmou. Moura acha que as declarações de Bernardo atrapalham as conversas entre os dois partidos. "Ele não deveria jogar mais lenha nessa fogueira", disse.

O presidente estadual do PT, André Vargas, disse que ainda é muito cedo para se definir alianças e, sobretudo, defende que o partido construa uma candidatura própria ao governo. Vargas afirmou que, pessoalmente, não acredita em aliança do PT com o senador Osmar Dias. "Ele está de braços com o lernismo no Paraná", afirmou Vargas.

Se o PDT não é o melhor caminho, o PMDB também não é o parceiro ideal, disse o presidente do diretório petista. "Por isso é que a tese da candidatura própria é que deve prevalecer", comentou Vargas, defendendo que cada partido lance o seu candidato ao governo. Para ele, o PMDB pode apoiar a reeleição de Lula, sem ter que fazer aliança no Paraná. "Podemos ter dois palanques para o Lula no Paraná", avaliou.

Contra-ataque

Enquanto Bernardo indica outros caminhos para o PT no Paraná, os peemedebistas também jogam suas cartas na sucessão presidencial. Ontem, o presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, relatou que nos encontros regionais que o partido vem realizando pelo Estado há uma maioria de militantes e lideranças favoráveis ao lançamento de candidatura própria do partido à Presidência da República. Segundo Dobrandino, o partido não pode ser "apêndice" do governo Lula e do PT.

Além de Dobrandino, o deputado federal Moacir Micheleto também pregou a candidatura própria. "O PMDB tem a maior bancada no Senado (23 senadores), a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados (79 deputados) e sete governos estaduais (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Roraima e Distrito Federal). Não podemos abrir mão da candidatura própria", disse.

O presidente estadual do partido acha que a decisão da executiva nacional de prorrogar os mandatos dos diretórios nacional e estadual favorece a tese da canditura própria. Ontem, o presidente do diretório municipal de Curitiba, Doático Santos, informou que o partido vai encaminhar uma reclamação ao conselho nacional do PMDB contra a prorrogação dos mandatos. 

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