Não estamos estimulando confrontamento ou violência, diz líder do MST

Assim como outros movimentos sociais e sindicais que integram a Frente Brasil Popular, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) orientou sua militância a não se manifestar neste domingo, 13, quando estão previstos pelo País atos de grupos pró-impeachment. “Queremos deixar muito claro que não estamos estimulando qualquer tipo de confrontamento ou violência”, disse Gilmar Mauro, líder do MST. “Estimulamos que a democracia é um espaço em que todo mundo tem o direito à livre expressão. Desafiar (os grupos anti-governo) não é o espírito”, afirmou.

Segundo Mauro, a orientação tanto da Frente Brasil Popular, da qual faz parte a Central Única dos Trabalhadores (CUT), mais próxima ao governo, como da Frente Brasil Sem Medo, que tem entre seus componentes o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), mais refratário ao governo, orientam os militantes a se manifestarem apenas nas datas coordenadas entre os movimentos, que são dia 18 e 31 deste mês. O MST participa das duas frentes.

Mauro admite, no entanto, que parte da base dos movimentos está com “ânimos acirrados” por causa do avanço da Lava Jato sobre o ex-presidente Lula na sexta-feira, 4, e quer ir pra rua já no domingo. “Nós orientamos a não ir, se forem, pelo menos evitar estar próximo dos locais de manifestação do impeachment. Tem várias pessoas que estão querendo se manifestar (no domingo) em várias partes do País.”

Sem trégua

Gilmar Mauro destaca que os movimentos defendem “a democracia” e consideram a legitimidade do mandato de Dilma Rousseff, mas continuarão pressionando por mudanças na política econômica.

“É evidente que o governo está encurralado, mas o governo precisa dar ingredientes para ser defendido. Não dá para defender um governo desse tipo, que cedeu aos setores derrotados na eleição e adota uma política neoliberal”, afirmou, ao reclamar que o governo Dilma Rousseff não realizou desapropriações de terras em 2015 e fez cortes em programas sociais importantes, como o Minha Casa, Minha Vida.

Mauro alerta que o “limite” será a questão da reforma da Previdência, que o governo tenta levar ao Congresso em uma proposta que é rechaçada pelos movimentos e pelas centrais sindicais. “Um tema que vai ser decisivo é a Reforma da Previdência. Se o governo insistir com a proposta que amplia a idade mínima (de aposentadoria) para camponeses e camponesas, não vamos segurar mais não, é o limite. A população vai acabar indo às ruas para derrubar o governo, não para sustentar”, afirmou.

O MST, assim como outros movimentos e o próprio PT, pressiona para que o governo adote medidas heterodoxas na economia, como usar as reservas cambiais para estimular investimentos e intervir no Banco Central para baixar a taxa básica de juros.