MST pedirá à Dilma novo limite para propriedade rural

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Pernambuco, Jaime Amorim, disse hoje que a prioridade do movimento em um eventual governo Dilma Rousseff será a defesa da delimitação da propriedade rural em 500 hectares.

“A aprovação desse limite é indispensável para a reforma agrária”, afirmou, ao demonstrar confiança de que a candidata, se eleita, venha a criar as condições necessárias para a implantação da reforma agrária no Brasil. “O governo Lula não fez a opção pela reforma agrária, o modelo de desenvolvimento ainda é o da produção para exportação”, acrescentou, em entrevista no pátio externo da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Recife, que foi ocupada por cerca de 500 assentados e acampados do MST.

Os manifestantes arrombaram a porta do prédio principal e a que dá acesso ao gabinete da superintendência. A ocupação – por tempo indeterminado – ocorreu também na sede do Incra em Petrolina.

A delimitação máxima da propriedade em 500 hectares é proposta, de acordo com Amorim, em projeto de lei de autoria do ex-deputado federal do PT, Adão Preto, que já morreu. “O Brasil não tem limite para as propriedades, e é importante a aprovação dessa lei que tramita no Congresso Federal”, defendeu.

Ocupação

Os acampados e assentados ligados ao MST que ocuparam as sedes do Incra em Recife e em Petrolina denunciam a “inoperância” do órgão, e cobram o cumprimento de um acordo realizado em 26 de abril. Após a ocupação, os funcionários do órgão deixaram o prédio. Apenas os vigilantes permanecem no local.

Naquele dia, os trabalhadores desocuparam o Incra – dentro das atividades do “Abril Vermelho” – acreditando no cumprimento de várias cláusulas acertadas com a superintendência regional do órgão. “Nada foi feito”, explicou Amorim. “Queremos uma nova negociação, desta vez com a participação do Incra nacional”.

Sobre o arrombamento de portas do prédio, Amorim afirmou que “o prejuízo que o Incra tem dado aos trabalhadores é muito maior”. Segundo ele, os sem-terra continuam sem assistência técnica e acesso a crédito nos assentamentos.

“Não conseguimos efetivar convênios com o Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), e nenhuma área foi desapropriada para reforma agrária”, acrescentou Cristiane Cavalcanti, da coordenação regional do movimento.