MST ocupa sede do Incra em Teodoro Sampaio-SP

Cerca de 300 militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), incluindo mulheres e crianças, ocuparam hoje o escritório do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Teodoro Sampaio (SP). A liberação de créditos para os assentados e a demissão do superintendente do Incra em São Paulo, Raimundo Pires, são algumas das exigências do grupo, que não tem prazo para deixar a sede.

Prevendo uma estada demorada, os sem-terra levaram colchões e mantimentos. “Trouxemos arroz, feijão, panelas e cada um trouxe o seu colchão. Vamos dormir e tomar banho aqui, o Incra tem ótimos chuveiros e boa estrutura, estrutura do povo”, ironizou Maria Aparecida Gonçalves, de 41 anos, coordenadora regional do MST.

Ela disse que o movimento quer negociar direto com o governo federal. “Vamos negociar direto com quem manda, com o Pires não dá para negociar”, afirmou, explicando que uma pauta estadual será enviada a Brasília. “Esperamos uma resposta do governo federal, só sairemos daqui com uma resposta”, avisou.

Foi o que também afirmou Ricardo Barbosa, de 28 anos, dirigente estadual do MST, ligado à direção nacional do movimento. Ele criticou o governo federal e o governo paulista, tachando ambos de “omissos”: “O governo federal abandonou a reforma agrária, não se falou da reforma agrária na eleição, ela está paralisada e só em São Paulo há três mil famílias esperando assentamento”. “Nem o governo do Estado, que vira as costas para as terras devolutas, dá a devida atenção e ambos são omissos”, acrescentou.

O dirigente acusou o superintendente regional do Incra de falta de vontade política e falta de compromisso. Procurado pela reportagem, Pires disse que “prefere não se manifestar” sobre as acusações, segundo a assessoria de imprensa do órgão. Cerca de dez fazendas foram ocupadas pelo MST nacional em várias regiões paulistas. Já no Pontal do Paranapanema o movimento não descarta invadir a Fazenda Nazaré, de 4,8 mil hectares, em Marabá Paulista. Ao menos 300 pessoas estão acampadas perto da fazenda, que pertence ao ex-prefeito de Presidente Prudente, Agripino Lima.