Ministro defende que Paraná retome Ferroeste

O ministro dos Transportes, Anderson Adauto, apóia a ação do governador Roberto Requião (PMDB) que pretende retomar o controle da Ferroeste, ferrovia que vem sendo explorada pelo consórcio Ferropar deste 1996. A afirmação de Adauto foi feita, em Brasília, durante reunião com o diretor Administrativo, Financeiro e Jurídico da Ferroeste, Samuel Gomes.

A determinação de Requião é de que a direção jurídica da Ferroeste inicie o processo administrativo para que o Estado possa decretar a caducidade do contrato, por inadimplência financeira, e retomar o controle da ferrovia, que tem 248 quilômetros e liga Cascavel a Guarapuava.

“O ministro compreendeu que governador está defendendo o interesse público e colocou o Ministério à disposição para a construção de um novo modelo utilização da ferrovia que atenda melhor aos produtores da região de influência da Ferroeste”, afirmou Gomes.

Ainda de acordo com Gomes, o ministro Anderson Adauto e o Palácio do Planalto querem acompanhar de perto a questão, inclusive porque 2004 será, segundo ele, o ano das ferrovias para o governo federal. O ministro – acrescentou o diretor da Ferroeste – apresentou um Plano de Revitalização das Ferrovias que, na sua fase emergencial, prevê a construção de uma variante de 130 quilômetros entre Guarapuava e Ipiranga, resolvendo o maior gargalo ferroviário do Paraná, e na sua fase de expansão, pode vir a contemplar a construção do trecho Cascavel-Guaíra.

História

A Ferropar ganhou, em 1996, o leilão para explorar a linha férrea da Ferroeste pelo preço mínimo, de R$ 25,6 milhões, pagando R$ 1,2 milhão (5% do lance) à vista. A sociedade, formada pela Gemon -Geral de Engenharia e Montagens, FAO Empreendimentos e Participações Ltda, Pound S/A e América Latina Logística do Brasil S.A (ALL), teve três anos de carência para começar a pagar a dívida. Todavia, o ex-governador Jaime Lerner concedeu à Ferropar um diferimento de quase 74% de todas as parcelas que venceriam entre 2000 e 2003, num valor que soma, em valores atuais, R$ 26 milhões.

Com o diferimento, a Ferropar assumiu a realização de investimentos na ferrovia, que também não foram feitos. No dia 15 de janeiro deste ano, a empresa deveria pagar a primeira das 92 parcelas previstas no aditamento que lhe concedeu o diferimento, cada uma delas no valor de R$ 3,2 milhões, mas depositou apenas R$ 553 mil.

Nesse mesmo dia, o governador Roberto Requião anunciou que não iria renegociar nem reduzir a dívida da Ferropar com o governo do Estado, determinando à direção da Ferroeste que iniciasse o processo administrativo para a decretação da caducidade do contrato, por inadimplência financeira, retomando o controle da ferrovia.

A Ferroeste foi construída entre 1991 e 1994, durante a primeira gestão do governador Roberto Requião no Governo do Estado, com mão-de-obra de dois batalhões do Exército Brasileiro. A obra custou cerca de US$ 340 milhões, o equivalente hoje a R$ 1 bilhão. Trata-se de uma das obras mais baratas do país no setor.

Governador embarca hoje

O encontro com os líderes aliados foi um dos derradeiros compromissos do governador Roberto Requião (PMDB), ontem, antes de viajar hoje para a Índia, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Requião embarca no final da tarde de hoje para São Paulo, onde se integra à comitiva presidencial.

O vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) assume interinamente, o governo até a próxima semana. A participação do governador do Paraná na comitiva de Lula ajuda a desfazer um certo mal-estar com o governo federal desde que Requião demonstrou insatisfação com algumas medidas adotadas por Brasília. No início deste mês, o governador esteve com o presidente depois de reclamar que estava há noventa dias solicitando uma audiência.

O governador voltou dizendo que conseguiu obter de Lula o compromisso de que o Paraná será declarado área livre de transgênicos, uma das suas principais reivindicações.

Requião deve retornar em sete dias. O governador viaja com a mulher, Maristela. O diretor-geral da Usina de Itaipu, Jorge Samek, também irá à India.

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