Ministro abre leque para alianças no Paraná

As direções estaduais do PT e PMDB vão se encontrar na próxima semana para aparar as arestas, mas o vice-governador, Orlando Pessuti (PMDB), já teve prévia da conversa com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT).

Ontem, o vice-governador e pré-candidato do PMDB ao governo e Bernardo, citado também como pré-candidato do PT, discutiram a sucessão estadual de 2010 e o descompasso entre os dois partidos no processo, durante encontro no litoral do Paraná, no balneário Marajó, onde passaram o feriado de Carnaval.

Para Pessuti, a conversa com o ministro foi esclarecedora. “Pela nossa história, deles e nossa, num primeiro momento, o natural é construir uma aliança com o PT. Agora, o que podemos concluir é que, neste momento, temos uma diferença de foco. O PT, como disse o ministro, vai priorizar a eleição nacional. E nós do PMDB, até por não termos uma definição nacional, estamos concentrados na campanha estadual”, disse o vice-governador.

Agência Brasil
Bernardo: prioridade nacional.

O vice-governador relatou que ouviu de Bernardo que o PT não descarta a possibilidade de apoiar um candidato do PMDB ao governo, assim como também não exclui a possibilidade da candidatura própria. Da mesma forma que também trabalha com a hipótese de aliança com o senador Osmar Dias (PDT).

“Nós do PMDB estamos mais definidos pela candidatura própria. Já o PT, a gente percebe, está indefinido. Eles não dizem que não podem estar conosco. Mas também não escondem que estão conversando com o Osmar. O ministro deixou claro que o PT vai buscar o melhor palanque, a melhor aliança para a disputa presidencial. E nós temos dezesseis meses pela frente para saber se será possível ou não fazermos essa aliança entre os dois partidos”, relatou o vice-governador.

Pessuti garantiu que não questionou Bernardo por ter sido excluído pelo presidente Lula (PT) da lista de candidatos que o PT poderia apoiar no Paraná. “Não fiz beicinhos por causa disso porque já tive manifestações de carinho do Lula muito mais amplas que uma citação em matéria de jornal. Para mim, a declaração dele foi manifestação de carinho com os seus dois ministros (Paulo Bernardo e Reinhold Stephanes) e com o aliado no Senado (Osmar Dias)”, resumiu.

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Pessuti: diferença de foco.

A convivência no PMDB entre várias correntes, algumas defendendo o apoio a uma suposta candidatura do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), ao governo, não consegue desencorajar Pessuti a tentar o apoio do partido para concorrer em 2010.

“Não me incomoda. Não fico desorientado. Depois de 43 anos de vida política, sei que o importante é ter disposição para conversar. E que tenho que cuidar apenas para não botar o carro na frente dos bois nem deixar o carro atropelar os bois”, disse.

A posse no governo em abril do próximo ano, quando o governador Roberto Requião deve deixar o cargo para concorrer ao Senado, é a principal fonte da segurança do vice sobre a fidelidade do partido à candidatura própria.

“A hora em que assumir o governo em 2010, e é o que está se construindo porque o governador vai disputar o Senado ou a presidência da República, somente poderei ser candidato ao governo. Com a história do PMDB, da nossa militância, com a estrutura que temos, com a maior bancada de deputados estaduais, prefeitos, vereadores, por que o nosso partido não teria uma candidatura própria?”, questionou.