Mesmo sozinho, PT será oposição na Assembléia

Apesar de ter sido mal sucedido na aliança que fez com PMDB e PDT para disputar o governo do Estado, o PT do Paraná concluiu que se saiu muito bem nas eleições deste ano no estado. A avaliação foi feita ontem, em Curitiba, durante reunião do diretório estadual, em que o partido reafirmou a condição de oposição ao governo de Beto Richa (PSDB) e anunciou que não apoiará a candidatura do presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, à presidência da Assembleia Legislativa.

O presidente estadual do PT, Ênio Verri, disse que a bancada descarta a proposta de tentar articular uma chapa de oposição a Rossoni e irá se abster na votação. De acordo com Verri, a rejeição do deputado tucano à representação proporcional dos partidos na Mesa e ao fim da reeleição para os cargos determinaram a posição do PT. Verri lembrou que os dois pontos estavam na Proposta de Emenda Constitucional (PEC), arquivada a pedido da bancada devido às mudanças feitas ao texto pelo futuro líder do governo e relator da proposta, Ademar Traiano (PSDB). “Estes pontos eram fundamentais para nós. Vamos ficar fora da Mesa. Seria contraditório votar nele. Temos diferenças de concepção política na gestão da Casa”, afirmou.

Os petistas já sabem que ficarão mais ou menos isolados no bloco de oposição a Beto Richa na Assembleia Legislativa. Com a perspectiva de o PSDB conquistar a adesão da maior bancada em plenário, o PMDB, o PT vai poder contar mesmo é com seus seis deputados. Ou sete, se o deputado estadual Luiz Claudio Romanelli (PMDB) for para o governo, abrindo a vaga para o primeiro suplente da coligação, Elton Welter. O presidente estadual do PT avalia, que neste caso, o PT terá o reforço de três ou quatro peemedebistas, setores do PV e do PDT.

A incorporação do PMDB à base do governo incomodou o PT, que planejava formar um grande bloco de oposição com os seus aliados da campanha eleitoral, mas Verri evita fazer críticas à posição dos peemedebistas. “É claro que esperávamos que o PMDB estivesse no nosso bloco. Mas cada partido tem sua posição e o povo sabe julgar”, desconversou. Verri disse que o PT fará o que chamou de oposição “qualificada” ao futuro governo de Beto Richa. “Se houver projeto de interesse público apoiamos. Mas vamos nos opor a qualquer medida que privilegie setores das elites e reduza o tamanho do estado”, disse.

Balanço

A única derrota contabilizada pela direção estadual do PT nas eleições deste ano foi na disputa para o governo com o senador Osmar Dias (PDT). Nos cálculos petistas, nas demais postulações, o saldo foi positivo. “Dos seis votos na cédula, só perdemos um”, avaliou Verri. Ele citou a eleição de Dilma Rousseff para a presidência da República, a vitória do dois candidatos ao Senado na aliança, Gleisi Hoffmann e Roberto Requião, e as bancadas de cinco deputados federais e seis estaduais. “A leitura é a mais positiva possível”.

Os petistas consideram ainda que também estão obtendo bons resultados na participação no governo de Dilma Rousseff. Dois paranaenses, Gilberto Carvalho e Paulo Bernardo, permanecerão como ministros. Na reunião entre o presidente nacional do partido, José Eduardo Dutra, na quarta-feira passada, em Brasília, com os dirigentes estaduais do partido, Verri apresentou a reivindicação dos petistas do Paraná de manter Marcia Lopes, no Desenvolvimento Social, e Jorge Samek, na direção geral da Usina de Itaipu.