Lula sanciona lei e volta a atacar FHC

Foto: Antonio Cruz/Agência Câmara

Lula, Aldo Rebelo e o secretário nacional de Saneamento, Abelardo de Oliveira Filho, durante a cerimônia de sanção da lei.

Ao contrário do que prometeu às vésperas do Natal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou ontem o discurso de comparação com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A recaída aconteceu durante a sanção da Lei do Saneamento Básico, que estabelece um marco regulatório para o setor.

 Lula classificou de ?irresponsável? a atuação do antecessor na área de saneamento, atacou a política de privatização e afirmou que o atual governo dá um exemplo para o mundo ao sancionar a nova lei. ?O Brasil começa 2007 dizendo ao mundo que finalmente resolvemos tratar a questão do saneamento básico?, disse.

Em solenidade no Palácio do Planalto, Lula avaliou que a lei vai facilitar o repasse de recursos para Estados e municípios, acabando com a ?tortura? na liberação de verbas. Em um discurso de improviso, ele afirmou que o governo precisa trabalhar ?muito mais do que é previsível pela política brasileira para garantir melhores condições de vida e compensar as irresponsabilidades? dos antecessores.

?Temos que trabalhar o dobro do que trabalhamos no governo passado para que a gente possa, ao longo do tempo, se recuperar da irresponsabilidade implantada neste País na área de saneamento básico.? Lula mencionou que no dia 5 de janeiro de 1995, há 12 anos, FHC vetou na íntegra lei similar que definia regras para o setor. ?Há um ditado que diz que quando a cabeça não pensa, o corpo padece?, afirmou.

?Estou lembrando isso para dizer que são anos de retrocesso numa das políticas mais importantes para que o Brasil melhore a qualidade de vida do povo e assuma o compromisso com as Metas do Milênio.?

O presidente ainda culpou de forma genérica os antecessores pelo caos urbano das grandes cidades. ?A deficiência das metrópoles do nosso País é a irresponsabilidade de tantos anos de descaso. As pessoas iam ocupando áreas desordenadamente, os prefeitos iam deixando, os governadores iam deixando, os presidentes iam deixando?, completou. ?As pessoas passaram a viver em condições de moradia animalescas?.

Lula fez questão de destacar a importância de parlamentares da oposição na elaboração da nova lei. Ele disse que a briga que sempre ocorre entre o governo e a oposição faz parte da democracia e das diferenças ideológicas. ?Pode ter um dia a mais de briga, um discurso a mais. Mas, no fundo, o Congresso termina aprovando, o que significa conquista para o nosso País?.

Durante a cerimônia, Lula, que estava sentado ao lado do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), apontava sorrindo para o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que assim como Rebelo, disputa o comando da Câmara.

Férias

O presidente Lula, acompanhado da primeira-dama Marisa Letícia, embarcou no final da tarde de ontem para São Paulo, onde passará dez dias de férias. Lula ficará hospedado no quartel da 1.ª Brigada de Artilharia Antiaérea, no Morro do Monduba, no Guarujá, litoral sul paulista. Antes da viagem, Lula se reuniu com ministros e técnicos, no Palácio da Alvorada, para dar as últimas orientações sobre o pacote econômico, que deverá ser anunciado no próximo dia 22.

Durante as férias de Lula, o vice José Alencar permanecerá em Brasília, mas não assumirá a Presidência porque o presidente estará no território nacional. O presidente deixou tarefas para os ministros palacianos durante a sua ausência. Caberá a Tarso Genro (Relações Institucionais) cuidar das negociações políticas em torno da disputa pela presidência da Câmara. Luiz Dulci (Secretaria Geral), que desistiu de tirar folga no mesmo período, vai representar Lula na posse do presidente eleito da Nicarágua, Daniel Ortega, dia 10 de janeiro, e depois no Fórum Social Mundial, no Quênia, no final do mês.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que suspendeu as férias neste mês, vai participar das discussões do pacote econômico, juntamente com Paulo Bernardo (ministro do Planejamento) e o ministro interino da Fazenda, Bernard Appy. 

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