Lula defende obras de refinaria questionadas por TCU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não perdeu a oportunidade, hoje, de se antecipar a críticas de adversários. Lula tratou de justificar tanto sua presença na inauguração de uma obra não totalmente concluída na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, quanto pelo fato de ela ter sido questionada pelo Tribunal de Contas da União, sob suspeita de superfaturamento. Acompanhado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável candidata do PT à Presidência da República, ele destacou, principalmente, a criação de empregos no projeto paranaense.

Logo no início de seu discurso, ele destacou que perguntas sobre viagens e inaugurações feitas por governantes em época eleitoral não são uma novidade. No caso da Repar, disse que a obra é importante, primeiramente, por gerar aproximadamente 15 mil empregos agora e que deve chegar a 25 mil entre junho e julho. As obras de ampliação e modernização, que começaram em 2006 e vão até 2012, contemplam 19 unidades, das quais três foram inauguradas hoje. A principal delas é uma de produção de propeno, produto utilizado em plásticos. Elas custarão US$ 5,4 bilhões, o maior investimento da Petrobras. “Como não poder dizer que isso é importante?” questionou o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli.

Lula disse a dezenas de funcionários da Repar e de empresas terceirizadas que, há pouco tempo, tinha recebido a notícia de que deveria mandar embora 27 mil trabalhadores. “O Tribunal de Contas da União mandou à Comissão de Orçamento do Congresso Nacional um aviso de que tinha suspeita de irregularidade nas obras e tinham que ser suspensas”, disse. A análise tinha sido feita na Repar, na Refinaria Abreu e Lima (PE), na construção do terminal de escoamento de Barra do Riacho (ES) e no complexo petroquímico do Rio de Janeiro.

Segundo Lula, por ter certeza de que haveria solidariedade dos governadores desses Estados e após conversar com deputados da comissão, decidiu pelo veto. “Fui convencido a vetar no orçamento a parte que acusava a Petrobras”, destacou. Lula disse que o orçamento era para ser aprovado, mas um senador esqueceu-se de que tinha que votar e outro tinha saído para jantar. “O presidente não pode se submeter a esse tipo de coisa se o resultado final vai prejudicar alguém que não tem nada a ver com isso”, justificou. “Não tem nada mais sagrado na vida de um homem ou de uma mulher que ganhar, com o suor de seu sangue, o pão de cada dia.”

Sob aplausos, ele ressaltou não ser contra investigar. “Se tem que fazer investigação que se faça, se tem que apurar que seja apurado, mas não vamos deixar que trabalhadores fiquem desempregados porque alguém suspeita que alguma coisa está acontecendo”, criticou. Ele aproveitou a atenção dos ouvintes para acrescentar que “tem muita gente que torce para que as coisas não deem certo”. “Tem gente que até hoje não está convencida de que eu deveria ser presidente da República”, acrescentou.

De acordo com Lula, há pessoas que não aceitam que um “torneiro” tenha conseguido trazer os jogos olímpicos para o Brasil ou que tenha “mandado” o Fundo Monetário Internacional embora. “Tem gente que não se tocou que esse país mudou”, reclamou. “Mudou porque nós aprendemos a gostar de nós.”

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), acabou vaiado por parte dos trabalhadores que acompanhavam os discursos e respondeu de forma ríspida. “Confesso a vocês que não consegui entender a ridícula vaia que alguns palhaços tentaram me colocar no começo de minha exposição”, retrucou. “Não fico enfurecido, fico triste e decepcionado.” No final, acabou aplaudido.