Lula cobra explicações sobre crise econômica

O candidato da coligação PT-PL à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem em Curitiba que o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deve explicar à sociedade o tamanho e a gravidade da crise econômica brasileira.

Lula disse que o governo está sendo passivo e não apresenta uma saída para a crise. “O governo não sabe o que fazer. Se ele não tem saída, que procure na sociedade. Por que o governo não reconhece a fragilidade da nossa economia e não convoca a sociedade em geral para discutir uma solução?”, questionou Lula durante entrevista coletiva, quando disse que aceita conversar com FHC sobre o acordo com o FMI.

O petista disse que o encontro com o presidente ainda não foi marcado e que a conversa só poderá ser feita a partir de segunda-feira, quando o PT tiver definido as propostas que irá apresentar ao presidente da República. “Nós não queremos que a crise se aprofunde porque, se ela continuar, os afetados será o povo pobre, que não tem dólares no Exterior. O único caminho para sair desta encalacrada em que nos metemos é crescer. Se não voltarmos a crescer, seremos vítimas da agiotagem internacional”, disse. “Se vamos conversar com o presidente, que seja um encontro de compromisso do governo em mudar seu comportamento. Se for apenas para fazer jogo de cena, é desnecessário haver reunião”, declarou.

Lula disse que o governo precisa de uma ação política e também reconquistar a credibilidade do mercado. “O que ele não pode é jogar a culpa em quem nem está lá (no governo) ainda para justificar a situação”, comentou o candidato do PT. O petista também criticou o seu principal adversário na disputa, Ciro Gomes (PPS) por suas declarações de que Lula está sendo domesticado ao conversar com o governo. “Tem gente que faz um esforço imenso para parecer oposição. Eu não preciso. A minha história demonstra o que fui, sou e serei”, disse.

PMDB promete definição

Elisabete Castro

Luiz Inácio Lula da Silva, e o candidato do PMDB ao governo, Roberto Requião, trocaram elogios, mas não houve nenhum anúncio formal de apoio dos peemedebistas paranaenses ao petista. Lula foi recebido por Requião e pelo candidato ao Senado, Paulo Pimentel, na sede do PMDB estadual. Mas o petista encerrou a visita levando apenas a promessa de que os peemedebistas vão decidir “em breve” a posição que devem tomar.

Requião afirmou que o petista já tem o apoio integral dos deputados estaduais e de muitos prefeitos do partido no Interior. O senador disse a Lula que o PMDB quer fazer algumas conversas e aparar arestas. “Sou amigo do Lula e do Padre Roque (candidato do PT ao governo). Não vamos tomar nenhuma atitude antes de conversar e de saber o que o PT pensa a respeito de tudo isso”, comentou.

Paulo Pimentel disse que a direção estadual do partido sente uma tendência de apoio ao petista, mas há obstáculos regionais a serem superados. Paulo citou o fato de o PT ter candidato próprio ao governo como um destes empecilhos. “Essa decisão vai depender de maiores entendimentos”, avaliou.

Petista faz caminhada

Fabiane Prohmann

No início da noite de ontem Luiz Inácio Lula da Silva fez uma caminhada no centro de Curitiba, da Universidade Federal do Paraná até a Boca Maldita, onde fez um pequeno discurso em um caminhão de som. Acompanhado pelo candidato ao governo, padre Roque Zimmerman, e dos candidatos ao Senado, Flávio Arns e Edésio Passos, Lula falou para cerca de 1.500 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar.

O presidenciável afirmou que espera o início da propaganda política obrigatória para que os candidatos do PT do Paraná possam ser apresentados para os eleitores. “Se no dia do comício formos para as ruas como fizemos hoje, o Padre Roque pode ir para o segundo turno”, opinou.

Lula lembrou ainda das eleições municipais de 2000, quando o deputado estadual Ângelo Vanhoni disputou as eleições com o prefeito Cássio Taniguchi (PFL). “Perdemos a eleição por alguma coisa estranha que aconteceu, porque o PT tinha tudo para ganhar as eleições daquele ano”, afirmou. A diferença entre os dois candidatos no segundo turno foi de 2,96%.

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