Liderança do governo na AL deve ficar com PMDB

A decisão do deputado Angelo Vanhoni (PT) de deixar a liderança do governo na Assembléia Legislativa deverá resultar na perda do posto pelo seu partido. O mais provável é que, quando o petista deixar a liderança para dedicar mais tempo ao seu projeto de ser prefeito de Curitiba, o que deverá acontecer antes do reinício dos trabalhos legislativos (em 15 de fevereiro), o cargo acabe sendo assumido por um deputado do PMDB.

Segundo avaliação de um dirigente peemedebista, Vanhoni seria o único dos nove deputados da bancada do PT que, além de possuir liderança na Assembléia, tem a confiança do governador Roberto Requião, porque está efetivamente identificado com a orientação política do Palácio Iguaçu e reúne as condições adequadas para a função. Já o 1.º vice-presidente da Casa, deputado Natálio Stica, não poderia assumir o posto devido ao seu cargo na Mesa Executiva.

Além disso, Requião possui várias divergências com alguns deputados petistas. É o que ocorre com o presidente estadual do partido, deputado André Vargas, que acusou o governo do Estado de não ter investido os recursos previstos em lei para a saúde ao longo do ano passado. Mesmo sendo considerado um deputado atuante, Tadeu Veneri também não é considerado um aliado incondicional do Palácio Iguaçu. No caso de outros deputados, o problema seria a falta de liderança junto às bancadas dos demais partidos aliados.

Cenário favorável

Este cenário, no entendimento do peemedebista, favoreceria a indicação de um deputado do PMDB para substituir Vanhoni. Neste caso, quatro nomes estão cotados para assumir o posto: Antônio Anibelli, Rafael Greca, Ademir Bier e José Maria Ferreira. Anibelli levaria vantagem pelo fato de ser líder do PMDB na Assembléia e possuir um bom relacionamento com Requião. Greca disse que esteve com Requião na véspera do Natal, mas não recebeu nenhum convite para assumir o cargo. E afirmou que não faz planos de assumir o posto. ?Quero ficar livre. O nosso líder será o deputado Anibelli pela sua tradição e até como uma homenagem ao deputado?, declarou Greca, que quer ser o candidato do PMDB à Prefeitura de Curitiba.

Bier, que conquistou a vaga na Casa quando o deputado eleito Edson Strapasson foi indicado para a Secretaria Especial para Assuntos da Região Metropolitana de Curitiba, também disse que não quer a vaga e preferiu nem citar um nome para o lugar do petista. ?Meu líder é o Vanhoni, mas quem decide isso é o governador?, desconversou. O caso de José Maria Ferreira é mais complicado, já que o deputado se filiou ao PMDB somente no ano passado e ainda não reuniria condições para assumir a tarefa.

Ao menos por enquanto, o governador Roberto Requião não manifestou posição favorável a nenhum deputado do PMDB. Anibelli poderia ser indicado, já que o governador vem gostando do seu trabalho na liderança do partido, mas o Palácio Iguaçu não confirma se Requião vai mesmo indicá-lo para o posto. A reportagem de O Estado tentou ouvir o deputado ontem sobre a sua possível indicação, mas não conseguiu entrar em contato com ele até o fechamento desta edição.

Petistas querem garantir alianças

Angelo Vanhoni conquistou duas vitórias no seu projeto político-eleitoral para 2004. A primeira delas ocorreu em 7 de dezembro do ano passado, quando o deputado (representante da ala majoritária do PT) confirmou a condição de pré-candidato a prefeito de Curitiba nas prévias municipais do partido, depois da decisão do deputado federal Florisvaldo ?Rosinha? Fier (representante da Democracia Socialista, a ala mais à esquerda da legenda) de desistir da disputa.

O deputado já havia recebido o apoio formal do PMDB no dia 12 de novembro, quando o TRE/PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) determinou a abertura das urnas usadas na convenção que elegeu a nova Executiva Municipal (encabeçada pelo ex-vereador Doático dos Santos e pelo secretário estadual da Educação, Maurício Requião). A cúpula peemedebista decidiu reafirmar sua disposição de fazer aliança com o PT, tendo Vanhoni como cabeça de chapa na campanha à sucessão do prefeito Cassio Taniguchi (PFL). Neste caso, o PMDB pretende pleitear a indicação do candidato a vice -cargo disputado, por enquanto, pelo presidente da Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná), Luiz Cláudio Romanelli.

Alianças

Mesmo com essas vitórias, porém, o deputado Angelo Vanhoni ainda precisa ampliar o leque de alianças do PT para as eleições municipais de outubro deste ano, facilitando o seu projeto político. O entendimento do grupo ligado ao deputado é que a sua liderança nas pesquisas de opinião que apontam os favoritos do eleitorado na sucessão municipal não é suficiente para garantir a vitória nas urnas.

A última pesquisa do Datafolha, por exemplo, divulgada na semana passada, confirmou a liderança de Vanhoni, com 33%. Mas o seu principal adversário na disputa, o vice-prefeito de Curitiba e candidato do PSDB ao governo do Estado nas eleições do ano passado, Beto Richa, recebeu 22% das intenções de voto, uma diferença considerada pequena, já que ainda faltam nove meses para as eleições. Se as posições de ambos se confirmarem, isto deve indicar uma disputa acirrada entre os dois, que pode inclusive se arrastar em um eventual segundo turno na disputa.

Mas este não é o único entrave que Vanhoni terá de superar. O deputado também terá que contornar o impasse com o PL, partido que se afastou da base de apoio do governador Roberto Requião (PMDB) na Assembléia Legislativa e que tem um candidato a prefeito declarado nas próximas eleições – o deputado estadual Mauro Moraes -com uma posição confortável nas pesquisas: 6%, o que lhe garante o quarto lugar na sondagem do Datafolha e também condições para negociar uma composição com o grupo de Vanhoni. Embora o deputado insista em negar a informação, comenta-se que ele estaria interessado em ser o candidato a vice de Vanhoni na campanha eleitoral deste ano.

Voltar ao topo