Janene põe células-tronco no coração

O deputado federal José Janene (PP) submeteu-se ontem, a um implante de células-tronco no coração, em procedimento realizado na Santa Casa de Misericórdia de Curitiba. O coordenador do Núcleo de Miocardiopatia Celular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), o cardiologista Paulo Brofmann, informou que o deputado poderá deixar o hospital ainda hoje.

Um dos integrantes da lista de deputados investigados pela Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, acusado de envolvimento no escândalo do mensalão, Janene sofre de uma doença cardíaca, denominada miocardiopatia dilatada idiopática (de causa não esclarecida). Em razão da doença, Janene entrou com um pedido de aposentadoria por invalidez na Câmara e que ainda não teve resposta da nova Mesa Executiva.

Conforme as explicações de Brofmann, o procedimento consistiu na retirada de células do quadril do deputado que foram isoladas e implantadas por meio de um cateterismo, no coração. O objetivo da técnica é tentar regenerar o órgão lesado, restabelecendo a sua função contrátil.

Tratamento

O implante de células-tronco é uma alternativa ao transplante de coração. Mas não há garantias, explicou o médico. Por enquanto, a eficácia do tratamento é comprovada parcialmente e seu resultado a longo prazo ainda é desconhecido. O médico esclareceu que a doença de Janene é evolutiva e que seu quadro é grave. Conforme o cardiologista, Janene já experimentou todos os tratamentos disponíveis e teria de passar por um transplante se não houvesse possibilidades de realizar o implante de células-tronco.

Os médicos estimam entre um e três meses o prazo para que possam constatar se a técnica aplicada em Janene teve o efeito esperado. Se o tratamento não funcionar, será necessário repetir o procedimento.

O médico explicou que o tratamento recomenda o afastamento de Janene das atividades parlamentares, durante alguns meses. Mas depende de como será sua reação ao tratamento, afirmou o cardiologista, a quem Janene foi encaminhado por seu médico particular Eli Lebbos. Janene não pode pedir aposentadoria proporcional porque, embora tenha mais que o mínimo de oito anos de mandato exigidos, ele não tem sessenta anos, a idade mínima estipulada pela Câmara. O deputado do PP tem cinqüenta anos.

Para obter a aposentadoria, por invalidez, Janene precisaria ser analisado por uma junta médica da Câmara, que sugeriria o valor a ser pago. O deputado poderia receber, no mínimo, um terço do salário dos parlamentares e no máximo o valor bruto, R$ 12.870. Há dúvidas se um pedido de aposentadoria pode interromper o processo de cassação contra Janene na Comissão de Ética. 

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