Investir em educação não assegura reeleição, diz estudo

Os eleitores não reconheceram nas urnas a boa atuação dos prefeitos na maioria dos 37 municípios considerados exemplares em educação no Brasil, segundo pesquisa feita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Ministério da Educação e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Em 21 dessas cidades, o eleito foi o candidato que representava a oposição. A pesquisa “Redes de Aprendizagem – Boas Práticas de Municípios que Garantem o Direito de Aprender” foi feita no ano passado e destacou cidades no País onde a rede municipal de ensino público funcionava bem. Mas, nesse universo de 37 cidades, 21 não reconduziram os prefeitos ou seus candidatos para um novo mandato.

“Eleição no Brasil às vezes é cruel. A experiência em política sempre mostra que Saúde e Educação são áreas em que o administrador não pode ir mal porque certamente será derrotado. Só que quando vão bem, não há reconhecimento do eleitor. É uma obrigação”, avalia o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).

Para selecionar o grupo de cidades, a pesquisa criou um Indicador de Efeito de Redes Municipais (IERM-Ideb). Para chegar a ele, foi feita uma combinação de informações sobre o desempenho dos alunos do ensino fundamental em exames de 2005, como a Prova Brasil, que compõe o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Redes de ensino municipal que tiveram nota igual ou maior que 4 foram selecionadas. A partir daí, o IERM levou em conta uma avaliação do perfil socioeconômico dos alunos, das famílias e dos municípios.

O pior desempenho eleitoral dos melhores em educação aconteceu no Centro-Oeste, onde havia oito dos municípios incluídos no estudo (cinco em Goiás e três em Mato Grosso). Em nenhum deles, o prefeito teve êxito na sucessão. A situação inverte-se nas regiões Norte e Nordeste: a continuidade acabou sendo garantida à maioria dos gestores que investiram esforços em educação. No Nordeste, esse cenário envolveu capitais e cidades de menor porte.

Na região Norte, vantagem para os políticos que apostaram no setor. No Sudeste, em cinco cidades a continuidade foi interrompida. Na região, o poder dos municípios com bom desempenho em educação foi mantido em quatro casos. Nas cidades da região Sul, também houve dificuldade na eleição dos prefeitos que atuaram bem na educação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.