Impasse entre os tucanos do Paraná é assunto local

O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), coordenador-geral da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à presidência da República, disse ontem que a divisão do partido no Paraná preocupa o núcleo da campanha presidencial, mas que este é um assunto para ser resolvido aqui mesmo, entre os tucanos locais. ?A executiva nacional tem preocupação com o Paraná. Não deixará de assistir ao partido no estado, mas a definição é de status local?, disse o coordenador da campanha tucana, sinalizando que não deverá haver novas ingerências nacionais no impasse estadual.  

Guerra veio a Curitiba para a inauguração de um comitê conjunto da campanha do deputado federal Gustavo Fruet à reeleição e de Alckmin à presidência, que leva também o nome do prefeito de Curitiba, Beto Richa, coordenador regional da candidatura tucana no Paraná. Guerra também esteve com o presidente estadual do PFL, deputado federal Abelardo Lupion, e o candidato do PPS ao governo, Rubens Bueno.

A coordenação da campanha de Alckmin não pretende esperar mais pelo desfecho jurídico do imbróglio sobre a aliança entre PSDB e PMDB, no Paraná, para trazer Alckmin ao Estado. Guerra afirmou que nos próximos quinze dias haverá uma agenda de Alckmin em Curitiba. ?Não vamos deixar de fazer a campanha, mesmo quando há divergências locais?, afirmou. No mês passado, Alckmin cancelou uma visita a Curitiba devido à cisão do partido no estado.

O coordenador da campanha de Serra foi cuidadoso ao comentar a posição do PMDB do Paraná e, sobretudo, do governador Roberto Requião em relação à campanha de Alckmin. Sobre o governador Roberto Requião (PMDB), o senador tucano foi diplomático. ?O Requião é um grande político. Mas a participação dele ou não na campanha é um assunto do Paraná?, afirmou.

Guerra afirmou que, em nenhum momento conversou diretamente com Requião sobre a possibilidade de apoio a Alckmin. Mas que essa conversa vem ocorrendo por meio das lideranças nacionais peemedebistas, que estão alinhadas à candidatura tucana. ?O PMDB é um grande partido nacional. Em todo lugar, o PMDB é bem-vindo. Mas respeitamos a posição do governador Requião?, desconversou.

Guerra disse que a coordenação da campanha está empenhada em fazer que não apenas o PMDB, mas também os partidos aliados ao PSDB superem suas divergências nos estados para se unificarem em torno de Alckmin. Ele afirmou que, no caso do PMDB do Paraná, o partido é livre. ?O PMDB não está coligado nacionalmente conosco. Eles nem tem candidato a presidente da República?, comentou.

Foro íntimo

Sobre a ala tucana paranaense que aderiu à campanha do senador Osmar Dias (PDT) ao governo, que está atrelado, por relação partidária, à candidatura do senador Cristovam – Requião à sucessão presidencial, Guerra comentou apenas que a coordenação tucana é compreensiva. ?Nós não gostamos de divisão, de forma alguma. Mas entendemos a situação?, disse o senador. E repetiu: ?Esta é uma questão interna do PSDB local?.

Para Guerra, imperdoável mesmo somente uma situação em que a divisão gere apoio ao PT. Não é o caso do Paraná, onde apesar de diferentes palanques ao governo, os tucanos se juntam no palanque de Alckmin. ?O ideal seria que todos ficassem juntos. Mas aqui há uma unidade em torno do candidato a presidente. O que não entendemos é aliados nossos votarem em candidatos do PT?, disse.

Guerra diz que segundo turno é uma certeza

Ainda é cedo para prever uma vitória de Geraldo Alckmin (PSDB) na eleição para presidente da República, mas a realização do segundo turno é uma certeza. Esta avaliação foi feita ontem pelo coordenador-geral da campanha de Alckmin em Curitiba, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). Ele disse que o candidato tucano está bem no sul e vem melhorando seu desempenho na região nordeste.

Guerra destacou que as pesquisas do partido mostram que, em sessenta dias, Alckmin cresceu dez pontos percentuais nos estados do nordeste. Para o coordenador de Alckmin, as pesquisas refletem o grau de conhecimento do eleitor na região. ?Não é verdade que ele não esteja crescendo no nordeste. A questão é que ele não é conhecido lá. O grau de conhecimento em algumas regiões evolui lentamente?, afirmou.

Guerra disse que o ritmo de arrecadação para a campanha de Alckmin está abaixo do necessário. ?A campanha nacional está com dificuldades de caixa. Poucos recursos entraram?, comentou o senador tucano, sem citar o total já arrecadado pelo candidato. No próximo dia 6, os partidos terão que exibir o primeiro demonstrativo financeiro da campanha. Para o coordenador de Alckmin, a redução nas contribuições de campanha se devem à mudança na legislação, às denúncias sobre irregularidades no financiamento eleitoral de 2002, assim como também ao aperto financeiro do país.

Tom

Na inauguração do comitê, os tucanos fizeram críticas pesadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Guerra acusou o presidente de ter trocado as promessas de reforma política da sua campanha pelo suborno de parlamentares. Já o senador Alvaro Dias disse que não vê possibilidades de reeleger alguém que esteve no epicentro de uma crise de moralidade. ?Acreditar na vitória do PT é acreditar que o crime compensa, que o povo brasileiro avalisa a corrupção?, disse Alvaro, que integra o conselho político de Alckmin.

O prefeito de Curitiba, Beto Richa, também fez sua declaração de guerra ao governo Lula. ?O Brasil não suportaria mais quatro anos de desgoverno no Palácio do Planalto?, afirmou o prefeito.

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