Guerra interna provoca mais uma baixa no governo do Paraná

Sobrevivente de duas crises na Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Emerson Nerone deixou o cargo de diretor-geral da pasta. O chefe de gabinete do secretário Nelson Garcia, Fernando Peppes, foi escolhido para substituir Nerone, que foi diretor-geral da pasta entre março de 2003 até março de 2006, quando assumiu a secretaria no lugar do ex-deputado Padre Roque Zimmermann.  

No início deste ano, Nerone entregou a secretaria a Garcia, que assumiu o cargo na cota da ala do PSDB que apoiou a reeleição do governador Roberto Requião (PSDB). Nerone disse que sua saída foi motivada pela diferença de concepções com o atual secretário e pelas pressões externas. ?Não quero ser ordenador de despesas de uma política com a qual não concordo?, afirmou o ex-diretor geral, mencionando ainda que havia integrantes da equipe de Garcia inconformados com sua permanência no cargo. Nerone citou também que ficava em uma posição desconfortável a cada crítica à administração anterior da secretaria. ?Eu fiz parte dela?, disse.

Desde o início, a convivência entre Nerone e os tucanos aliados ao conselheiro do Tribunal de Contas, Hermas Brandão, não foi harmônica. Logo que assumiu, Garcia foi apontado como fonte de uma denúncia contra Zimmermann e Garcia, acusados de irregularidades nos contratos com prestação de serviços e fornecedores da secretaria. Garcia negou, mas a suspeita se manteve e, recentemente, novas denúncias levaram o Tribunal de Contas da União a cogitar uma auditoria na Secretaria.

Antes da chegada dos tucanos, Nerone já havia sido pivô de uma crise com o presidente estadual do PT, deputado federal André Vargas. Convidado para assumir a Secretaria, Vargas condicionou sua posse à saída de Nerone. Vargas e o ex-secretário Roque Zimmermann eram adversários internos no PT. O governador não aceitou a condição e a secretaria foi entregue a Garcia.

Retaguarda

Há três meses, quando começaram a surgir as denúncias, Nerone pediu para sair. Requião quis que ele permanecesse. Agora, o ex-diretor-geral diz que se afasta tranqüilo porque deixou em seu lugar seu ex-chefe de gabinete. O atual diretor-geral era chefe de gabinete de Nerone, quando secretário. ?Tudo o que foi denunciado já foi levantado e nada havia. O que restou foi um processo de desgaste. Mas agora estou deixando quatro anos de processos contábeis. O fato de o Fernando estar na secretaria me garante que, se alguém levantar questionamentos, as informações serão corretamente fornecidas?, disse.

Nerone disse que considerou ?estranho? ter passado quatro anos na secretaria, sem que nenhuma denúncia fosse feita. ?E, de repente, começaram a publicar que a secretaria virou um espaço de corrupção. Enquanto isso, o nosso trabalho mostrava que os recursos para a pasta diminuíram, mas os resultados melhoraram?, afirmou.

Nelson Garcia elogia saída de diretor

Foto: João de Noronha

Garcia: tumultos.

O secretário do Trabalho e Promoção Social, Nelson Garcia, disse que o ex-diretor-geral Emerson Nerone deu uma demonstração de despreendimento ao deixar o cargo. Garcia afirmou que não teve problemas com Nerone, mas que compreendeu seu desconforto. ?Ele me disse que muitas forças estavam trabalhando contra ele, causando tumultos na secretaria. Ele disse que já tinha dado a contribuição dele e, então preferiu sair. Eu acatei a decisão dele. Acho que foi uma atitude muito correta da parte dele?, afirmou.

Garcia disse que é difícil exercer o cargo de secretário e depois passar para a diretoria-geral. ?Todos temos um ritmo diferente. Ele sentiu isso. Eu estava tocando do meu jeito. Há diferenças. Ele já foi secretário e não é fácil voltar a ser diretor-geral?, afirmou o secretário, lembrando que, antes de ser convidado para o cargo, defendia a permanência de Nerone na Secretaria. ?Eu sempre achei que ele fazia um bom trabalho. Tanto que eu achava que ele deveria ser secretário, mas aí aconteceu de eu ser escolhido, por força das circunstâncias?, comentou.

O atual secretário atribui a ?pressões externas? de forças interessadas em desestruturar a secretaria as denúncias de irregularidades. Ele disse que não houve nenhum contato do Tribunal de Contas da União avisando que há possibilidade de realizar uma auditoria na pasta. ?O Tribunal de Contas acompanha e orienta os nossos passos. Não há nada disso. Pelo menos, nunca ninguém falou comigo sobre isso no TCU?, afirmou.

Garcia citou que o novo diretor-geral já foi chefe do Núcleo da Secretaria em Cornélio Procópio, trabalhou com Nerone e não haverá dificuldades em dar prosseguimento aos programas.

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