O deputado Dobrandino da Silva conversa neste final de semana com o governador Roberto Requião (PMDB) para se despedir da liderança do governo na Assembléia Legislativa. Dobrandino deve ceder o lugar ao deputado Luiz Claudio Romanelli, que ainda não foi convidado oficialmente para a função, mas que é apontado como o provável futuro líder.
Desta vez, ao contrário do início do segundo mandato, quando entregou a liderança a aliados do PT, o governador vai manter a bancada sob a orientação de um peemedebista. Dobrandino disse que não quer mais o cargo e que permanece apenas se o governador não tiver outra opção. ?Eu gostaria de sair. Já deixei a presidência do partido e não quero mais ficar na liderança. Já dei minha contribuição e não gostaria mais de ter esse compromisso?, afirmou o deputado.
Romanelli afirmou que ficará honrado com a indicação, mas que não está disputando a função. ?Se por conveniência política o governador tiver outro nome, não há problemas. Seria uma grande honra ser líder do governo, mas não é sangria desatada?, declarou.
Obstáculos
Dobrandino e Romanelli têm previsões diferentes sobre as dificuldades que o governo terá este ano na Assembléia Legislativa. Para o líder da legislatura passada, tudo indica que será mais fácil que no mandato anterior. ?A bancada de apoio vai ser bem maior que no ano passado. Só no PMDB nós teremos dezesseis deputados?, comparou.
A rigor, não há grandes mudanças no tamanho da bancada de sustentação em relação ao final do ano passado. A base sempre oscilou entre vinte e trinta deputados. Desta vez, os cálculos apontam para 32 aliados, entre os 54 deputados. Mesmo assim, Romanelli acredita que a superioridade numérica não é suficiente para neutralizar a oposição. Embora pequeno, o grupo adversário sempre pode ganhar o reforço da chamada bancada independente, que reúne deputados ainda indecisos sobre o rumo a seguir. Além disso, Romanelli acredita que, em seis meses, quando as articulações para as eleições municipais do próximo ano começam a se intensificar, a oposição vai incomodar. ?À medida em que se aproxima a disputa municipal eles vão mostrar as garras?, avaliou.
Disputa
Para a liderança do governo, a escolha é prerrogativa do governador. Mas a liderança da bancada está dividindo o partido. De um lado estão os partidários do deputado Waldyr Pugliesi e do outro os simpatizantes da candidatura de Artagão Junior, que há duas semanas levava ligeira vantagem sobre o concorrente na bancada.
Romanelli apóia Pugliesi. ?Ele é uma reserva histórica do partido. Tem uma elaboração teórica e é um dos formuladores deste governo. Alguém como ele na liderança conceitua o governo?, elogiou Romanelli.
A decisão sobre o líder da bancada será tomada na próxima quinta-feira, dia 16, no dia seguinte à instalação oficial do ano legislativo, na próxima quarta-feira. O partido também vai começar a discutir a presidência da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Casa e que tradicionalmente fica para o partido com a maior bancada em plenário. Já a definição do líder do governo poderá ser anunciada na próxima semana ou somente depois dos feriados de Carnaval. O governador ainda não se pronunciou sobre o assunto.