Governo tenta desempacar o PAC em Piraquara

Para tentar acelerar as obras do bairro Guarituba, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) se reuniu ontem com o prefeito da cidade, Gabriel Samaha (o Gabão) e demais órgãos públicos envolvidos no projeto, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O cronograma inicial das obras previa a conclusão das casas para o fim deste ano. Muito mais que a construção das moradias, o programa no Guarituba foi destacado nacionalmente como a esperança de um dos maiores programas de urbanização e recuperação de mananciais do País, tendo recebido inclusive a visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da presidente Dilma Rousseff (PT).

Agora, a expectativa é que o projeto termine no fim de 2012. Isso se houver recursos e boa vontade necessários, adianta Gabão. Hoje acontece uma nova reunião sobre o assunto no Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná (DER-PR).

“Essa reunião nos dará o aporte necessário para a regularização das ruas do Guarituba”, disse o novo presidente da Cohapar, Mounir Chaowiche, acrescentando que logo pretende se encontrar com a direção da Copel, para a retomada das obras de iluminação.

Outra reunião, com a equipe técnica da Caixa Econômica Federal e do Ministério das Cidades, está marcada para a semana que vem. Chaowiche ressaltou, durante a reunião, que a Cohapar não medirá esforços para a conclusão das obras.

“A obra do Guarituba é a maior em área de manancial em andamento no País. Usaremos de racionalidade e, se necessário, de suplementação de recursos para a conclusão das obras”, garantiu.

A intervenção no Guarituba, para urbanizar a antiga ocupação irregular que ali existia, foi projetada com investimentos de R$ 93,8 milhões. Hoje, o orçamento está em R$ 98,4 milhões.

Os recursos do PAC incluem contrapartida do governo estadual e da prefeitura de Piraquara. No bairro, estão em obras 803 casas, com rede de água, esgoto, luz, galerias de drenagem, pavimentação e paisagismo.

Os moradores pagarão prestação média de R$ 70. Outras cerca de 8 mil famílias receberão a posse de seus terrenos. O atraso nas obras já teve como justificativa a burocracia para que os recursos fossem liberados, a chuva e a dificuldade de construção naquele terreno.

“Nas áreas de mananciais onde as famílias vão deixar de viver, a ideia é construir um parque para que não ocorram novas ocupações irregulares”, disse o prefeito de Piraquara.

Além de Piraquara, existem obras habitacionais ligadas ao PAC em Campo Magro, Colombo e Pinhais. “Nesse primeiro semestre a perspectiva de construção de casas em 50 municípios. Até o final de 2014, queremos estabelecer políticas habitacionais nas 399 cidades paranaenses”, declarou o presidente da Cohapar.

O gerente regional leste do Paraná da Caixa Econômica, Luís Henrique Borgo, informou que a instituição é parceira do governo, independente de partidos políticos, e deve apoiar todas as iniciativas de cunho habitacional. “Para a obra de Piraquara, estamos estudando a possibilidade de adequar alguns projetos do programa ‘Minha Casa, Minha Vida 2’”, contou.

Gabão espera para ver: “Com governo novo, começa tudo de novo”

Luciana Cristo

O prefeito de Piraquara, Gabriel Samaha (Gabão), acha que para que as obras no Guarituba voltarem a andar ainda vai levar tempo, por causa da troca no comando do governo estadual, e que é preciso empenho de todos os envolvidos numa força-tarefa.

“Com governo novo, começa tudo de novo. Por mais que tenha todo o histórico técnico das obras, algumas questões ,dependem de decisões políticas e econômicas”, diz. Segundo ele, as obras andam em passo de tartaruga: “As casas já deviam estar sendo concluídas”.

Enquanto as decisões não são tomadas, quem vê de perto as reclamações populares é o prefeito. “A população acha que a prefeitura é responsável por tudo, que estamos com o dinheiro. A prefeitura foi a única que completou sua parte, investindo R$ 7 milhões em obras físicas para o Guarituba”, diz ele.

As obras precisarão ser readequadas, a partir do projeto inicial, avalia. “Estamos combinando com a Cohapar para redefinir as metas do projeto, substituir os materiais para que o custo seja mais barato, na pavimentação, por exemplo”.

E, pela demora no andamento do projeto, o total de recursos agora é maior do que o estimado. “Se as licitações fossem feitas no seu tempo, o recurso não faltaria. Como o processo burocrático foi travando, hoje vamos precisar de mais verba para fazer a mesma coisa”, diz Gabão.

Mesmo com todos os problemas, o prefeito acredita que o Guarituba ainda é uma das principais obras de urbanização já planejadas no País. “Essa é uma dúvida que não precisamos ter. É um grande programa de urbanização e o maior programa de recuperação de manancial do Sul do Brasil”.