Governo e APP não se acertam sobre reposição

Continua o impasse entre o governo do Estado e a APP-Sindicato sobre o pagamento da reposição salarial retroativa aos meses de fevereiro e março aos professores da rede pública estadual.

Após a reunião realizada ontem à tarde entre a direção da entidade, comandada por José Lemos, e o secretário da Educação, Maurício Requião, em que não houve acordo, o Palácio Iguaçu divulgou uma nota condenando a paralisação convocada para a próxima terça-feira e alertando que o dia de trabalho será descontado dos salários, assim como o descanso semanal remunerado. Na nota, o governo classificou a ameaça de paralisação como “uma provocação” e a posição da APP como “leviana”, “demagógica” e “oportunista”.

No encontro de ontem com o secretário, a APP-Sindicato pediu ao governo que apresente uma proposta alternativa ao pagamento já do reajuste. Conforme o secretário de imprensa da entidade, Luiz Carlos Paixão da Rocha, a entidade está disposta a negociar uma outra forma de pagamento dos meses anteriores à vigência do reajuste, conforme estabelecia o artigo 47 do Plano de Cargos, Carreira e Salários, vetado pelo governador Roberto Requião (PMDB). Uma das possibilidades cogitadas pela APP é o parcelamento do saldo anterior do reajuste que, conforme a decisão do governo, somente será pago em maio.

“Se o governo nos diz que o problema não é de caixa e sim de metodologia de cálculo, entendemos que há uma possibilidade de que esse pagamento seja feito de outra forma”, disse o dirigente sindical. O representante da APP-Sindicato considerou “natural” a reação do governo e comentou que se houver um sinal de boa vontade do Palácio Iguaçu, a entidade pode discutir uma suspensão do protesto da próxima terça-feira. “Vamos aguardar”, afirmou Paixão da Rocha.

Na nota, o governo menciona outra vez as dificuldades legais para a implantação imediata do plano. O argumento é que se pagar os retroativos irá ultrapassar os percentuais de gastos com pessoal estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. “Uma dificuldade legal de apenas trinta dias para que o plano seja efetivamente implantado não é motivo para que o sindicato aja de forma tão leviana.”

Diálogo

Apesar do tom beligerante da nota oficial, o secretário da Educação afirmou que vai continuar dialogando com os professores para encontrar saídas para o impasse, mas reforçou que a ameaça de paralisação prejudica as negociações. “O Plano de Cargos e Salários esteve “engavetado” durante os últimos quatro anos na Assembléia Legislativa. O governo fez um esforço enorme para colocá-lo em prática e tudo o que fizemos foi em parceria com os professores, que sabem que ele representa um avanço para a classe. Mas não vamos negociar sob a ameaça de paralisação uma questão que é meramente legal e técnica”, frisou.

Maurício Requião prometeu aos dirigentes da APP apresentar a proposta de parcelamento ao governador e ao secretário da Fazenda, Heron Arzua. “A ameaça do sindicato não faz justiça a todo o esforço feito pelo governo nos últimos meses”, comentou.

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