Garotinho ganha mais uma no PMDB e frustra ala governista

Foto: Dida Sampaio/Agência Estado
Quércia, Garotinho e Temer: reis da confusão.

Resultou em fracasso a ofensiva da ala governista do PMDB contra a candidatura presidencial do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB-RJ). Os aliados do Planalto estavam certos de que conseguiriam aprovar a convocação de uma convenção nacional extraordinária no dia 7 de maio para rever a conveniência do lançamento de um candidato próprio a presidente. A proposta, no entanto, nem sequer foi a voto ontem, na reunião da executiva nacional.

Foram três horas de muito debate e tensão, em que não faltaram gritos e murros na mesa. Em meio ao bate-boca entre representantes das duas alas, porém, Garotinho conseguiu reafirmar sua candidatura com o apoio declarado de peemedebistas históricos, como os senadores Pedro Simon (RS), Maguito Vilela (GO) e Ramez Tebet (MS). Em vez da convenção, o presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), convocou todos os candidatos a governador para um encontro com Garotinho no próximo dia 19, em Brasília. Insatisfeitos, governistas como os deputados Jader Barbalho (PA) e o líder no Senado Ney Suassuna (PB) abandonaram a reunião.

"Fica mantida a tese da candidatura própria a presidente e não haverá convenção a não ser a legal, entre os dias 10 e 30 de junho", resumiu Temer ao final da reunião, referindo-se ao prazo que a lei eleitoral confere aos partidos para que definam suas candidaturas. O prazo também foi lembrado por Garotinho na reunião, quando ele antecipou que recorreria à Justiça para derrubar a convenção de maio, que não pode tratar de candidatura.

"Não é possível a gente continuar brincando de candidatura e ignorando o que está ocorrendo nos estados. Enquanto a gente trata de uma ficção, a realidade política nos estados são as alianças, todas incompatíveis com a candidatura própria", protestou Jader, ao lembrar a regra da verticalização, que proíbe partidos adversários na eleição presidencial de se coligarem na disputa pelos governos estaduais.

Como os governistas insistiam na tese de que a candidatura própria prejudica as alianças que já estão em curso nos estados, a governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus, cobrou respeito à decisão dos 14 mil peemedebistas que foram às urnas para escolher o candidato do partido no dia 16 de março.

Fator Itamar

Os ânimos ficaram ainda mais acirrados com a defesa da candidatura alternativa do ex-presidente Itamar Franco. À frente da articulação pró-Itamar, o ex-governador Orestes Quércia insistiu que o ex-presidente está disposto a se candidatar e que tem o apoio de governadores e de setores expressivos do partido.

Governistas e aliados de Garotinho concordam apenas em um ponto: dizem que Quércia "inventou" a alternativa Itamar só para tumultuar o processo e tentar se livrar da candidatura própria. A avaliação geral é de que Quércia quer mesmo é o apoio do PSDB para se eleger senador.

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