Ex-vice-presidente de banco depõe à CPI

A vantagem do leilão do Banestado para o Paraná foi fugir ao preço mínimo de avaliação. A opinião foi manifestada pelo ex-vice-presidente da instituição José Evangelista de Souza ao depor, ontem de manhã, na CPI do Banestado na Assembléia Legislativa. Convidado por Reinhold Stephanes – que na época presidia o banco – e Domingos Murta Ramalho, ex-presidente, teve sua indicação para o posto aprovada pelo Banco Central para exercer suas funções no período de 25 de janeiro de 1999 a 24 de outubro de 2000, quando se deu o processo de saneamento para posterior privatização.

Funcionário aposentado do BC desde 1994, com ampla experiência na área, disse que se dedicou inteiramente ao saneamento do banco, trabalho que lhe tomava cerca de 14 horas diárias. Frisou que havia um contrato assinado entre o governo do Estado, a União e o Banco Central, definido pelas partes e aprovado pelo Senado Federal e pela Assembléia Legislativa, que determinava o passo a passo do processo acompanhado de perto pelo Banco Central.

Saneamento

Chamou a atenção para o fato de o banco não ter sido federalizado, embora as grandes decisões sobre o saneamento e a privatização fossem tomadas em Brasília: “O BC acompanhou o processo até uma fase posterior ao leilão que registrou o maior ágio entre os leilões de bancos estaduais no País”. Conforme o contrato de saneamento, que envolveu empréstimos de R$ 3,8 bilhões (R$ 5,1 bilhões pela taxa Selic), se não fosse vendido no leilão, o banco seria federalizado para futura privatização. Com um rombo de R$ 2,8 bilhões, só havia duas alternativas, segundo Evangelista. Decretar a liquidação ou fazer um contrato com o governo federal para sanear e privatizar. Explicou aos parlamentares que o leilão foi adiado duas vezes em função da complexidade dos trabalhos para regularizar a situação do banco. Lamentou o pouco tempo destinado a essa tarefa e admitiu que o BC retardou a liberação dos recursos necessários, embora houvesse “indicações muito claras de que isso não aconteceria”.

Confirmou que o Tribunal de Contas destacou auditores para acompanhar todo o processo e aprovou o preço fixado pelos consórcios avaliadores para a venda.

Sobre as denúncias de irregularidades, disse que a diretoria que assumiu em 1999 recorreu à auditoria do banco e fez denúncias ao Ministério Público. Questionado sobre quem paga a conta, admitiu que é a sociedade, pois o Banco Central emitiu títulos públicos para injetar dinheiro no Banestado. Mas ponderou que, por ter adquirido ativos, o Estado tem condições de recebê-los, acrescentando novos valores ao R$ 1,7 bilhão arrecadado no leilão de privatização.

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