E o ônibus saiu para o deputado Felipe Lucas

O ônibus que tanta controvérsia gerou nos meios políticos na semana passada era apenas uma miniatura, comprovando que tudo não passou de uma brincadeira do governador Roberto Requião (PMDB) com os deputados estaduais.  

Na reunião da escola de governo, ontem, Requião convidou o vice-governador Orlando Pessuti a sortear o brinde, que acabou sendo entregue ao deputado Felipe Lucas (PPS), um dos que atenderam ao convite assinado pelo secretário da Casa Civil, Rafael Iatauro, para participar da escolinha.

Oferecido pelo Rodopar, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Passageiros, o ônibus enfeitava o gabinete do governador até o sorteio de ontem. Na reunião, Requião admitiu que decidiu recorrer ao humor para se relacionar com o Legislativo. ?Resolvi sortear um ônibus entre os deputados que comparecessem à reunião. Alguns questionaram. Mas como sortear um ônibus público? Não é publico, é meu e faço o que bem entender. Nós estamos tentando, de uma forma meio irônica, é verdade, estabelecer laços mais firmes com a Assembléia. A própria oposição que fica todo dia levantando bobagens, se conhecesse com profundidade o que estamos fazendo, poderia sim, fazer criticas pertinentes porque não estamos certo em tudo, sempre. A democratização pressupõe a informação?, justificou Requião, antes do sorteio.

Na Assembléia Legislativa, em nome da bancada de oposição, o deputado Elio Rush (DEM), protestou mais uma vez contra a iniciativa de Requião. ?Não existe mais respeito com o Legislativo??, cobrou Rusch, durante pronunciamento em plenário.

Folclore

Os deputados governistas buscaram justificar a polêmica do governador, lembrando que o sorteio do ônibus faz parte do estilo de Requião, conhecido por um senso de humor peculiar. Quando era prefeito de Curitiba, os servidores públicos fizeram uma manifestação em frente à prefeitura. O então prefeito Roberto Requião disse que iria chamar a polícia. De fato, chamou. O protesto dos servidores foi interrompido pela chegada de dois ônibus, de onde desceram os integrantes da banda da Polícia Militar, que tocaram dobrado até o final do protesto.

Também faz parte do folclore em torno do governador a ocasião em que um movimento ligado à Igreja Católica acampou no auditório da prefeitura para exigir dele a desapropriação de uma área. Ameaçaram sair apenas quando o então prefeito atendesse à reivindicação. Naquele momento, a Igreja Católica execrava o cineasta Jean Luc Godard pelo filme Je Vous Salue Marie. Pois o prefeito não teve dúvida. Mandou exibir no auditório o filme. Padres e freiras que participavam do movimento foram embora imediatamente.

E não menos conhecida é a história da juventude de Requião, quando ele servia no Núcleo de Formação dos Oficiais de Reserva, na praça Osvaldo Cruz. Requião servia na Cavalaria e pintou de cor- de-rosa o cavalo do comandante. Sofreu punição e divertiu o batalhão. Mas a história não teve final feliz. O cavalo, segundo contam seus contemporâneos, morreu dias depois, intoxicado pela tinta. 

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