Doleiro apontou ao menos 195 envolvidos , diz defesa

A defesa de Alberto Youssef listou os nomes de pessoas físicas e jurídicas já citadas por ele em sua delação para pedir perdão judicial na ação contra a cúpula da Andrade Gutierrez em que ele é também é réu. Ao todo, o doleiro mencionou em sua colaboração, de forma direta ou indireta, ao menos 195 nomes, incluindo os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor, a presidente Dilma Rousseff e até senadores da oposição como Aécio Neves e Antonio Anastasia.

Algumas menções aos políticos citados pelo doleiro não foram consideradas fortes o suficiente para dar origem a investigações por parte da Procuradoria-Geral da República.

Ainda assim, o doleiro continua colaborando com as investigações e vem prestando mais depoimentos aos investigadores mantidos em sigilo e que não foram elencados por sua defesa na petição. No caso de Dilma Roussef, o procurador-geral da República Rodrigo Janot avaliou que não caberia apurar as citações por elas envolverem episódios antes de ela assumir o mandato presidencial.

No documento em que responde à acusação da Lava Jato e pede perdão judicial, a defesa do doleiro cita ainda as cinco condenações contra ele já impostas que somam 43 anos , nove meses e 10 dias de reclusão. Os advogados relembram um dos termos do acordo de delação que prevê que caso a soma das penas do doleiro superem 30 anos todas as novas denúncias que forem oferecidas contra ele sejam suspensas. O acordo de colaboração foi firmado com o Ministério Público Federal e homologado pelo Supremo Tribunal Federal.

“Antes da colaboração de Alberto Youssef, as investigações circunscreviam-se a um esquema bastante pontual, sobretudo na Diretoria de Abastecimentos da Petrobrás. Depois de sua (efetiva) colaboração, o raio de abrangência investigativa aumentou significativamente, passando a alcançar um sem número de pessoas físicas e jurídicas”, afirmam os defensores na petição.

Um dos principais alvos da operação Lava Jato, Youssef operava uma complexa estrutura de lavagem de dinheiro e pagamentos de propinas para as maiores empreiteiras e também para partidos políticos. Ele decidiu colaborar com as investigações após ser preso no ano passado e ficar na iminência de pegar mais de 40 anos de prisão. “Ante a já reconhecida efetividade da colaboração de Alberto Youssef, sem a qual a operação não teria alcançado a magnitude que alcançou, a defesa vem pugnar a aplicação do (merecido) perdão judicial”, assinalam os advogados do doleiro.