Um dos principais delatores da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef pediu à Justiça Federal no Paraná o perdão judicial em uma das 11 ações penais na qual é acusado de lavar R$ 1,16 milhão do ex-deputado José Janene, (PP-PR), que morreu em 2010, no esquema do mensalão.
O pedido foi feito nas alegações finais da ação, prestes a ter uma sentença do juiz Sérgio Moro. No documento assinado pelo advogado Antonio Figueiredo Basto e sua equipe, responsável pela defesa do doleiro, os defensores pedem que a denúncia seja julgada improcedente e, caso o juiz não tenha esse entendimento, que seja concedido o perdão judicial ao doleiro. “Haja vista sua colaboração ser efetiva com resultados relevantes para a elucidação dos fatos nesta e em outras ações penais”, assinala o texto.
Caberá ao juiz Sérgio Moro, ao dar a sentença, decidir se acolhe ou não o pedido da defesa do doleiro. Youssef decidiu colaborar com a Justiça após ser preso na Lava Jato e ser denunciado pelo Ministério Público Federal em diversas ações penais que lhe deixaram na iminência de pegar uma condenação superior a 50 anos de prisão.
Em seus depoimentos, que ajudaram a embasar os pedidos do procurador-geral da República Rodrigo Janot de abrir inquéritos para investigar 54 pessoas no Supremo Tribunal Federal, o doleiro chegou a citar os nomes da presidente Dilma Rousseff e do presidente nacional do PSDB, Aécio Neves. Janot decidiu pedir o arquivamento dos inquéritos contra os dois.
Além de Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que também colaborou com a Justiça, pediu perdão judicial em outra ação da Lava Jato na Justiça Federal.
Lavagem
Segundo a denúncia do MPF, neste episódio Youssef é acusado de liderar uma quadrilha que lavou R$ 1,16 milhão recebido por Janene no escândalo do mensalão e investido na empresa Dunel Indústria, no Paraná.
Em uma de suas audiências na Justiça Federal, o próprio doleiro admitiu que mantinha uma conta corrente conjunta com o ex-deputado José Janene, que foi o responsável pela indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal petrolífera, em 2004.
Youssef declarou que, por orientação de Janene, repassava valores a “agentes públicos” e usava para isso um segundo doleiro, Carlos Habib Carter, dono do Posto da Torre, em Brasília, para entregar os valores. Ele disse que parte do dinheiro vinha do caixa de construtoras.
Atualmente, o doleiro está preso em caráter preventivo e poderá ficar no máximo cinco anos preso como parte das 23 cláusulas de seu acordo firmado com o Ministério Público Federal, que prevê ainda que ele devolva suas propriedades e participações que possui em empresas.
Além disso, caso sua condenação nas ações penais nas quais já é réu ou nas que ainda possam surgir contra ele somem 30 anos de prisão, todos os processos e inquéritos policiais que ainda tramitarem contra ele serão suspensos por um período de dez anos.