Quebrando o silêncio

Demóstenes Torres afirma que provará sua inocência

O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) apareceu de surpresa na manhã desta quinta-feira na reunião do Conselho de Ética que deverá definir o relator do processo de quebra de decoro parlamentar contra ele, pela denúncia de envolvimento com o empresário do ramo de jogos ilegais Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Assim que foi aberta a sessão, o senador pediu a palavra para dizer que provará sua “inocência” e solicitou respeito ao regimento da Casa.

Demóstenes alegou que a escolha do presidente da comissão, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), poderia ser questionada como irregular porque não houve, segundo o parlamentar, eleição em sessão secreta para o cargo.

O senador goiano disse, porém, que não alegará qualquer nulidade do processo. “Pode parecer uma filigrana”, afirmou. “Eu quero provar a minha inocência é no mérito, até agora não tive a oportunidade de me defender. Provarei que sou inocente.”

Eleito na terça-feira para a presidência do Conselho de Ética, Valadares foi escolhido por ser o senador mais antigo do colegiado. Tem 69 anos, completos na última Sexta-feira (6).

Mas, segundo Demóstenes, ele só poderia permanecer “interinamente” no cargo, apenas para presidir, em até cinco dias, a eleição do presidente. O prazo, observou, venceria na próxima Terça-feira (17).

“O titular mais idoso somente assume a presidência interinamente para presidir a sessão de eleição da presidência”, afirmou. “Neste caso, não há outra alternativa a não ser a eleição para presidente”, disse o senador goiano, notando que o próprio Valadares poderia ser o presidente eleito para conduzir seu processo de quebra de decoro.

Demóstenes informou que deixaria em seguida a reunião para não constranger a comissão, e que se considerava notificado desde a véspera do prazo para responder à representação do PSOL.

Ele considerou adequado os dez dias de prazo para fazer sua defesa, inicialmente por escrito, e depois diretamente aos integrantes do conselho, respondendo a perguntas.

No momento em que Demóstenes ia deixar a sala, o presidente do conselho pediu que ficasse para ouvi-lo. Valadares disse que sua escolha está amparada legalmente, diante da dificuldade do PMDB, partido a quem caberia a indicação, encontrar um nome. “Todos os atos praticados por mim foram inteiramente observando os trâmites constitucionais e legais”, declarou.

Demóstenes deixou a sala em seguida, sem falar com a imprensa. Os senadores do conselho seguiram discutindo se devem ou não eleger o presidente do conselho. O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), disse que apoia a continuidade de Valadares no cargo.