Defesa de Youssef vai pedir novo habeas corpus

Durante aproximadamente duas horas o doleiro Alberto Youssef prestou depoimento ontem ao juiz Sérgio Fernando Moro, da 2.ª Vara Federal Criminal. Acusado de sonegação fiscal de mais de R$ 33 milhões entre os anos de 1996 e 1999, ele está preso na sede da Polícia Federal em Curitiba desde o dia 3 de novembro. Youssef respondeu às perguntas, mas pouco acrescentou ao que já havia sido apurado nas investigações do Ministério Público Federal (MPF). Os detalhes do depoimento não foram divulgados, por correrem em segredo de Justiça.

O advogado de defesa, Antônio Augusto Figueiredo Basto, saiu satisfeito com as declarações prestadas por seu cliente. “Ele esclareceu todos os fatos e demonstrou que os impostos estão pagos ou parcelados”, afirmou. “Temos condição de buscar a liberdade dele e pediremos a suspensão da ação penal.” A expectativa é de que Youssef seja libertado na próxima semana. “Vamos impetrar o habeas corpus e se tivermos êxito, teremos a liberdade em quatro ou cinco dias. Ele tem família, sempre compareceu aos depoimentos e não representa perigo à ordem pública, por isso não precisa ficar preso.” O advogado também afirmou que irá contestar o fato de o processo estar tramitando em Curitiba. “Vamos argüir incompetência do juízo. Esse processo deveria estar correndo em Foz do Iguaçu, porque os fatos ocorreram lá.”

Em dia

Munido de documentos emitidos pela Receita Federal, Figueiredo Basto garantiu que os impostos referentes à Proserv e o de sua cunhada, Cristina Fernandes da Silva, estão em dia. “Estes documentos são verdadeiros, então não há sonegação.” Segundo o advogado o dinheiro da conta de Cristina não era dele, e sim do seu sogro. “Temos documentos que comprovam que não há nenhum auto de infração contra a Proserv no período de 96 a 2000, e temos a confirmação de que foi feito um parcelamento do imposto da Cristina.”O advogado contou ainda que as perguntas foram referentes apenas a este caso. “Desconheço outras denúncias. Não há provas de formação de quadrilha e com relação à conta CC5 a acusação é genérica, não há nada especificado.” Youssef está respondendo a cinco processos, sendo três em Londrina e dois em Curitiba. Esta foi a segunda vez que o doleiro foi chamado para prestar esclarecimentos à Justiça Federal. Na primeira, no dia 5 de novembro, ele não respondeu a nenhuma pergunta.

CPI

Figueiredo Basto já avisou que o doleiro não irá depor à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado. “Ele pode ser requisitado e comparecer, mas meu cliente não fala com político, só com o Judiciário. Ele não vai servir de palanque político para os outros, isso já foi definido.”

Antes do julgamento ainda serão ouvidas as testemunhas de acusação e defesa. De acordo com o procurador da República, João Vicente Beraldo, o caso deverá ser concluído no início do ano. “Se ele continuar preso, até janeiro deve ser findo o processo, porque o trâmite é mais rápido quando o acusado está preso”, disse. “No meu entender, o que aconteceu hoje não é o suficiente para libertá-lo”, opinou. De acordo com o procurador, não há porque contestar a competência da 2.ª Vara. “Ela tem plena competência para apurar tais delitos. Em Foz do Iguaçu não tem uma vara específica para esses casos.” Beraldo afirmou ainda que Youssef não deverá ser ouvido novamente. “A princípio não há necessidade”, contou.

Prisão

A prisão preventiva de Alberto Youssef foi decretada pela 2.ª Vara Criminal no dia 28 de outubro. De acordo com as investigações do MPF, o doleiro, proprietário da empresa Youssef Câmbio e Turismo Ltda., sonegou cerca de R$ 118 milhões (valor atualizado) em impostos. Além disso, movimentou cerca de R$ 3,3 milhões em uma conta de Cristina Fernandes da Silva no Banestado de Nova York. Cristina também foi denunciada pelo MPF, assim como o contador de Youssef, Celso Cornélio Filho, que teria forjado declarações dos rendimentos de Cristina para amparar a movimentação financeira da conta.

Eroni Miguel Peres (cunhado do doleiro) e Paulo César Stinghen, que também tiveram prisão decretada, ainda não foram presos. Segundo as investigações ambos são sócios-proprietários da Proserv, uma empresa de fachada usada para movimentação ilegal de valores.

Youssef foi denunciado por crimes contra a ordem tributária e contra o sistema financeiro (evasão de divisas, manutenção de contas ilegais no exterior e falsa identidade para a realização de operações de câmbio), formação de quadrilha e falsidade ideológica. Além disso o Ministério Público Estadual já o denunciou por integrar esquemas de desvio de dinheiro das prefeituras de Londrina e Maringá e da Copel.

Voltar ao topo