De olho em 2006, o PT quer distância do Iguaçu

O ex-prefeito de Ponta Grossa Péricles de Mello ainda não respondeu ao convite do governador Roberto Requião (PMDB) para integrar sua equipe, mas a direção estadual do PT não viu com bons olhos o aceno do governador ao petista. O presidente do partido no Paraná, deputado estadual André Vargas, afirmou que seria um equívoco se Péricles aceitasse o cargo, podendo desencadear uma nova crise entre PT e PMDB. "Se o convite não passar pelo partido, vai se precipitar uma crise. Na prática, o convite é um equívoco e aceitá-lo seria outro??, disse o dirigente petista.

Requião não formalizou o convite, mas sondou Péricles para uma diretoria da Sanepar. O ex-prefeito estaria aguardando um sinal verde de Brasília para confirmar a entrada no governo. Deputados do PT dizem que Péricles teria justificado que sempre manteve uma ótima relação com o governador e que estaria disposto a colaborar com Requião.

Para Vargas, no entanto, as relações entre os dois partidos estão em nova fase e não comportam mais convites pessoais, que atropelam a instância partidária. Os petistas planejam uma candidatura própria ao Palácio Iguaçu em 2006. Em dezembro do ano passado, o diretório estadual se reuniu em Curitiba e aprovou a independência do partido em relação ao governo na Assembléia Legislativa. "No momento em que o PT se prepara para seguir um outro rumo, não seria coerente participar do governo??, afirmou Vargas.

Para o presidente do diretório regional do PT, há uma flagrante incompatibilidade entre ocupar cargos no governo do PMDB e o projeto do partido em concorrer com candidato próprio à sucessão estadual de 2006. "Quem estiver no governo é porque não quer que o PT tenha candidato. E não seria nem leal por parte do partido entrar num governo ao mesmo tempo em que estar construindo seu projeto eleitoral em 2006??, afirmou Vargas, numa crítica indireta ao secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, padre Roque Zimmermann, que provocou polêmica no partido ao declarar que se tivesse que escolher, deixaria o PT, mas não o governo.

Em voto

A oferta do governador ao ex-prefeito de Ponta Grossa é vista por setores do PT como uma espécie de provocação do governador ao partido, ao repetir a estratégia dos convites diretos aos petistas ao invés de se dirigir ao partido. Foi desta forma que padre Roque foi para o governo em 2003 e o deputado Natálio Stica assumiu a liderança do governo na Assembléia Legislativa, no ano passado.

Vargas disse que a permanência de Stica terá que ser discutida e votada pela bancada no início dos trabalhos legislativos a partir do próximo dia 15. "O Vanhoni (deputado Angelo Vanhoni, ex-líder do governo) submeteu a decisão de ir para a liderança à bancada. Ao Stica, foi um convite pessoal, mas agora a situação mudou e existe uma orientação do partido para ser autônomo em relação ao governo. O fato é que o caso tem que ir para a bancada??, afirmou o presidente estadual do partido.

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