Crise nacional respinga no Paraná

Embora não seja nova, a posição do governador Roberto Requião contra o incremento da participação do PMDB no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – a proposta é que o partido aumente de dois para quatro o número de ministérios que ocupa – acabou gerando um certo mal-estar no PT. Da ala mais próxima a Requião ao segmento petista menos amistoso, a avaliação é que o governador perdeu uma oportunidade de abrir seus caminhos para um acordo eleitoral no próximo ano.

"O governador sempre foi contra a participação do PMDB no governo. Mas o momento é diferente. O governo está enfrentando um momento difícil. É nessas horas que os amigos dão apoio", afirmou o deputado Natálio Stica (PT), ex-líder do governador na Assembléia Legislativa e que tem sido um dos defensores da aliança entre os dois partidos para 2006, mesmo em primeiro turno.

"Se o Requião não foi companheiro na época em que estava tudo bem, não seria agora que está difícil que ele mudaria. Não é do perfil do governador ser solidário", atacou o deputado estadual André Vargas, presidente do PT do Paraná.

Para Stica, o PMDB poderia ter decidido em conjunto discutir uma forma de ajudar o governo, sem entrar no mérito dos cargos, que é uma das principais críticas do governador. Requião não concorda com a troca de espaço no governo por apoios. "Ele não deixa de ter uma certa razão quando diz que não seriam escolhidos os melhores nomes do partido para ocupar os ministérios, mas essa era uma situação que eles poderiam se mobilizar internamente para decidir. O que não dá é para abandonar o barco na hora da tempestade porque na hora da bonança é fácil", disse Stica.

Para o deputado estadual petista, as críticas do governador à política econômica – Requião condicionou o apoio ao governo à mudança de linha econômica – são difíceis de sustentar. "Ele tem divergências com o Palocci, mas a política econômica é uma das coisas que estão dando certo", afirmou.

Além da oposição de Requião à participação no governo, outro fato ajudou a azedar o clima entre Stica e o Palácio Iguaçu. O deputado não gostou da forma como a Petrobras foi tratada no episódio das denúncias que geraram as prisões de empresários acusados de fraudarem licitações do governo estadual. "Se eu fosse a direção da Petrobras, suspenderia o financiamento de asfalto", disse o petista, referindo-se aos dois mil quilômetros de estradas rurais que estão recebendo asfalto por conta de um convênio entre Petrobras e o governo estadual.

Sem queixas

A assessoria do governador Roberto Requião comentou que se há um governador contra o qual o presidente Lula não pode ter nenhuma queixa é o do Paraná. A análise é que a solidariedade do governador foi manifestada de várias formas. Seja não se pronunciando publicamente sobre a conjuntura nacional ou ainda expressando sua confiança no presidente Lula, que definiu como alguém acima de qualquer suspeita. Além disso, assinalou a assessoria, Requião sempre foi contra a indicação de cargos desde o início do governo Lula.

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