CPMI quer investigar desvios de verbas na Copel em 2002

A senadora Ideli Salvati (PT-SC) e o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) devem apresentar hoje uma série de requerimentos pedindo a abertura de uma investigação sobre os desvios de verba ocorridos na Copel em 2002. O deputado e a senadora integram a CPMI dos Correios e protocolarão os requerimentos baseados no depoimento do doleiro Alberto Youssef à sub-relatoria de Fontes Financeiras da CPMI dos Correios, no dia 17 de outubro.

Na ocasião, Youssef se negou a revelar os nomes de possíveis beneficiários das operações denunciadas como irregulares ocorridas em 2002 na Companhia Paranaense de Energia (Copel). O assunto já foi investigado pela CPI da Copel instalada na Assembléia Legislativa do Paraná em 2003. Conforme a denúncia feita ao Ministério Público, a Copel teria pago para a Associação dos Diplomados das Faculdades de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (Adifea) realizar o levantamento de créditos tributários e encontrar uma solução para a compensação de créditos de natureza diferenciada. A Copel pagou à Adifea, segundo apurou a CPI, R$ 16,8 milhões. Deste total, R$ 10,7 foram repassados ao proprietário da Empresa Brasileira de Consultoria (Embracon), que distribuiu o montante para 36 pessoas físicas e jurídicas. E é neste ponto que as investigações da CPMI dos Correios e a da CPI da Copel ligam-se.

De acordo com o deputado estadual Tadeu Veneri, sub-relator da CPI da Copel, entre os destinatários da Embracon está a corretora Bônus-Banval, pela qual supostamente o empresário Marcos Valério teria operado o esquema do "valerioduto".

Na época, o dono da Embracon, Maurício da Silva, deixou à disposição da CPI da Copel extratos de sua conta bancária e de sua mulher. "Mas o sigilo da conta da empresa dele nunca foi quebrado. Se a CPMI (dos Correios) conseguir esta quebra, pode chegar a novas informações", disse Veneri.

O deputado afirmou que foi procurado ontem por assessores da senadora Ideli Salvati, que queriam algumas informações sobre as investigações feitas pela CPI da Copel. Veneri disse que a senadora vai remeter um pedido oficial solicitando o envio das informações. "Foi um ano e meio de trabalho da CPI, que resultou num relatório de mais de 800 páginas. Diversas informações que forem buscar agora já foram apresentadas por nós ao Ministério Público Federal", disse.

O relator da CPMI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), acompanhou o depoimento de Youssef e disse que a atual comissão não tem competência para investigar as relações de Youssef com estatais (Copel e Banestado). "O que nos interessa agora é a ligação dele com os assuntos investigados por esta CPMI. Estamos na fase de degravação do depoimento do Youssef, fazendo um estudo meticuloso de tudo o que foi dito", explicou o relator.

Além da questão da Copel, Youssef disse no depoimento à CPMI dos Correios que todos os integrantes da diretoria executiva do Banestado recebiam dinheiro quinzenalmente para facilitar a remessa de divisas ilegais ao exterior. Youssef revelou que o esquema do "quinzenão" comandado por ele entre 1996 e 2000 remeteu US$ 2,5 bilhões para contas em paraísos fiscais. Youssef disse que recebeu uma comissão de US$ 5 milhões para fazer o serviço mas não quis revelar o nome dos dirigentes do Banestado que participavam das operações.

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