Copel diz que está cumprindo a lei

A direção da Copel respondeu ontem ao senador Roberto Requião, candidato do PMDB ao governo, que acusou a empresa de irregularidades na comercialização do excedente de energia pela intermediária Tradener. Requião prometeu revogar o contrato entre a Tradener e a Copel se vencer a eleição.

Em nota divulgada ontem, a diretoria afirma que a Copel e suas subsidiárias não estão desrespeitando a lei na operação. Ainda conforme a diretoria, não há nenhuma decisão judicial ou preceito legal impedindo a comercialização de blocos de energia excedentes ao mercado, seja sob a forma de oferta pública ou de leilões.

Na nota, a Copel alega que a venda desses blocos de energia elétrica baseia-se numa tarifa de geração. E que não há meios de compará-la com as tarifas praticadas ao consumidor final (seja ele industrial, comercial ou residencial). As tarifas do consumidor final agregam custos e despesas de todas as etapas do processo, seja na geração, transmissão, distribuição e comercialização.

A empresa também nega que esteja comercializando seus excedentes “apressadamente” e nem “a preço vil”, como afirmou o senador. “O preço fixado para a oferta pública de energia intermediada pela Tradener, de R$ 75,36 por megawatt-hora, corresponde a aproximadamente 90% do Valor Normativo determinado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que é o valor máximo admitido pelo órgão para repasse às tarifas. Ademais, esse valor é superior ao obtido por empresas congêneres em leilões recentemente realizados”, diz a nota.

A empresa atesta ainda que a Copel Geração não está comercializando nessa oferta pública 25% da energia que produz, mas parte da energia elétrica que estará sendo liberada, a partir de janeiro de 2003, dos contratos iniciais de suprimento.

Segundo a Copel, os blocos de energia objeto desta oferta pública estão sendo oferecidos livremente ao mercado (consumidores livres e outras empresas), como exige a Lei. “Isso inclui os interessados que estejam instalados no Paraná.”

Intermediária

A diretoria da Copel nega que o balanço contábil e financeiro do ano de 2001 tenha registrado prejuízo mencionado de R$ 340 milhões e defende as relações comerciais com a Tradener. A empresa argumenta que a comissão pactuada com a Tradener é inferior aos 2% mencionados por Requião. Conforme a Copel, a Tradener é uma das empresas comercializadoras autorizadas pela Aneel para atuar no mercado vendendo excedentes de energia elétrica. A diretoria explica que, como acionista da Tradener, a Copel também participará dos lucros que, a Tradener venha a ter em suas operações.

Segundo a diretoria da Copel, a Tradener foi constituída para atuar de forma competitiva no novo setor elétrico nacional, mantendo nela participação acionária minoritária. “Com isso, a Tradener tem a agilidade empresarial necessária para atuar dinamicamente num nicho dos mais disputados dentro do setor, onde compete com cerca de 40 outras comercializadoras -muitas delas, coligadas ou associadas com grandes geradoras de energia”, afirma a nota.

Tarifas menores para as empresas

O senador Roberto Requião – candidato do PMDB ao governo – condenou ontem o que considera “abuso” nas tarifas praticadas pela Copel na cobrança de energia elétrica de empresas, especialmente hotéis, em Foz do Iguaçu. “Esse abuso vai acabar no primeiro dia de meu governo. Não há qualquer explicação mais plausível que a medição seja no pico do consumo ou que a empresa comunique com 30 dias de antecedência qual a demanda estimada que vai consumir. E o que é pior: pagar três vezes mais que se o consumo for um pouco maior que a estimativa. Isso é uma vergonha”, comentou o senador a respeito de matéria veiculada na imprensa de Foz.

Requião chega hoje em Foz. Às 9h conversa com a imprensa no salão de reuniões do Hotel Mabu. Depois participa do XII Congresso da Faciap (Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Paraná) no mesmo hotel. Uma das propostas defendidas por Requião para Foz do Iguaçu é o incentivo na redução em 40% da tarifa de energia elétrica para as empresas que se instalarem na cidade. Esse incentivo será resultante, conforme o senador, do excedente de energia produzida nas usinas da própria Copel, “que se perde e não é aproveitada porque a maior parte da produção é vendida para outros estados”.

“As empresas iguaçuenses poderão também aderir a esse incentivo e a contrapartida será a manutenção e ampliação dos postos de trabalhos em cada hotel iguaçuense. Isso virá naturalmente com o incremento da atividade turística.”

Empregos

Requião vai defender no congresso da Faciap a criação de uma política emergencial de empregos que pretende adotar “como um dos primeiros atos” de seu governo.

Dados levantados pelo senador apontam que o Paraná teve uma taxa de crescimento econômico de apenas 0,3 % no ano passado, enquanto no mesmo período, o Estado de Santa Catarina obteve uma taxa de 3,8%.

Para Requião, a redução da atividade econômica é o resultado da política econômica atual do governo, que prioriza somente as grandes empresas multinacionais. O Paraná não teve um desempenho ainda pior, segundo Requião, devido ao crescimento da agroindústria.

Voltar ao topo