Combate ao nepotismo estressa aliados

A reação do Palácio Iguaçu à proposta de emenda constitucional n.º 40, que proíbe o nepotismo no Paraná, está desagregando sua base de sustentação na Assembléia Legislativa. Na sessão de ontem, os deputados Elton Welter (PT) e José Maria Ferreira (PMDB) reagiram às acusações feitas, no final de semana, pelo governador Roberto Requião (PMDB) e o secretário estadual da Educação, Maurício Requião (PMDB), durante pronunciamentos em Nova Laranjeira e Arapongas, no interior do Estado.

Aliados incondicionais do governo, os dois deputados se declararam ofendidos pelo governador e o secretário, em discursos sobre a emenda, aprovada em primeira discussão na Assembléia Legislativa, na semana passada. Relator da emenda, Ferreira foi o alvo do secretário da Educação, que participava no sábado, dia 8, de um congresso da Juventude do PMDB, em Arapongas. "Ele disse quem é você? Que moral você tem para defender uma emenda como essa? E na seqüência, disse que eu era um covarde, um traidor. Eu nunca fui tão ultrajado e humilhado em toda a minha vida", disse o deputado peemedebista, que contou ter sido impedido pelo secretário-geral do PMDB, Luiz Claudio Romanelli, e o presidente da Juventude do PMDB, João Arruda, de responder ao secretário. Zé Maria chorou ao fazer o relato do episódio.

Já Welter disse que foi atacado pelo governador, junto com os seus colegas de bancada, durante a inauguração de uma escola, em Nova Laranjeira. O deputado petista contou que assistia à solenidade quando o governador começou a dizer que a bancada do PT havia apresentado o projeto de emenda (o autor é o deputado petista Tadeu Veneri) com a intenção de derrubar o secretário da Educação, que é seu irmão. "Eu fico sem entender bem o que é nepotismo. Todo mundo conhece o Delúbio e conhece o Marcos Valério, dos escândalos do Congresso Nacional. Eles não foram expulsos do PT, mas a bancada inteira fechou questão para fazer um projeto que tem única e exclusivamente um objetivo claro: demitir o melhor secretário da Educação do Brasil", afirmou o governador. Requião dirigiu-se a Welter, afirmando que ele também votou no que classificou como "patifaria" e reclamou que o petista, embora seu amigo, não se opôs à emenda.

Erro de avaliação

Em discurso na Assembléia Legislativa, Welter disse que Requião deve um pedido de desculpas à bancada do PT e à Assembléia Legislativa. "Lamento o que aconteceu porque lembro que, no segundo turno da eleição de 2002, dediquei-me de coropo e alma para apoiar o governador Requião. Agora, ele acusa a nossa bancada de eleitoreira e oportunista por ter apresentado o projeto. Nós temos independência no nosso voto e eu, que sempre fui da base aliada, estou me sentindo desrespeitado. Mas acho que a Assembléia também foi", afirmou Welter.

Os dois deputados, o petista e o peemedebista, comentaram que o Palácio Iguaçu está cometendo um erro político na avaliação do projeto. "Na medida em que ele (o governador) mandou uma proposta sobre o mesmo assunto para cá, ele credenciou a bancada a votar a matéria", disse Welter. Já Ferreira observou que a sociedade está exigindo a impessoalidade nas contratações para cargos públicos. "O governo está errando e eu não compreendo o governador neste ponto", afirmou o deputado peemedebista, ao comentar o fato de o governador ter se sentido atingido pessoalmente pela proposta de emenda. 

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