Caso Banestado: MPF vai indiciar acusados em junho

O Ministério Público Federal e a Polícia Federal brasileira estão comemorando. Pela primeira vez, desde o início das investigações do caso Banestado, o governo brasileiro não precisou gastar nenhum tostão para conseguir bloquear dinheiro remetido ilegalmente ao exterior.

De acordo com o procurador da República Vladimir Aras, membro da força-tarefa do MPF que investiga o caso Banestado, foram bloqueados US$ 8,2 milhões do empresário paulista Antônio Pires de Almeida. O bloqueio do dinheiro foi pedido pelo próprio governo americano no dia 27 de janeiro, perante o tribunal de Columbia. Foi a primeira vez que a Procuradoria dos Estados Unidos representou o Brasil num pedido de bloqueio dessa natureza. Além da criação de um precedente na área de cooperação internacional para combate à lavagem, não foi necessário contratar escritório privado de advogados nos Estados Unidos.

Aras explicou que o dinheiro bloqueado estava depositado em duas contas do banco Merchants – que hoje se chama Valley National – de Nova York. "Só neste banco, estamos investigando 39 contas", afirmou.

O procurador explicou ainda que este dinheiro só será repatriado se os acusados forem condenados aqui no Brasil. "Eles já foram interrogados e o próximo passo será ouvir as testemunhas. Acredito que até junho consigamos terminar este processo e indiciar os envolvidos", disse.

Antônio Pires de Almeida foi denunciado por gestão fraudulenta, operação de instituição financeira sem autorização, evasão de divisas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Almeida e seus sócios na Turist Cambio possuíam cinco contas bancárias nos Estados Unidos, cuja movimentação, entre 1995 e 2002, foi de US$ 1.839.774.230,97 (o que equivale, em valores atuais, a R$ 4,838 bilhões), segundo laudo do Instituto Nacional de Criminalística.

Aras afirmou que as atividades de Almeida estavam vinculadas com o Paraná, através de movimentação bancária de contas envolvidas no caso Banestado e no caso Farol da Colina – operação deflagrada em agosto de 2004 em sete estados brasileiros e que resultou na prisão de 63 doleiros.

A força-tarefa do MPF está investigando a remessa ilegal de dinheiro ao exterior, através de contas CC-5 – um tipo especial de conta que serve para que empresas multinacionais ou brasileiras com interesses no exterior transfiram dinheiro para fora do País, também utilizadas para o envio de dinheiro a brasileiros que moram no exterior. A força-tarefa é formada por seis procuradores no Paraná e outros dois em Brasília, coordenados pelo procurador-geral da República, Cláudio Fonteles. A força-tarefa, que vai funcionar até 30 de junho deste ano, tem parcerias com a Polícia Federal e com procuradores dos Estados Unidos.

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