Brasil rebate relatório americano sobre corrupção

Com atraso de quatro dias, o governo brasileiro reagiu ao relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos sobre o controle do tráfico internacional de drogas, que classifica como “preocupante” a corrupção e os “escândalos políticos domésticos” no Brasil. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) diz que “o governo brasileiro recorda o seu forte comprometimento com o debate aberto e transparente, em foros multilaterais e regionais, das questões de segurança pública e combate a ilícitos e reitera, uma vez mais, não reconhecer a legitimidade de avaliações unilaterais, que refletem percepções de um único país”.

O relatório da Secretaria de Estado dos Estados Unidos, divulgado dois dias antes de a sua responsável, Hillary Clinton, desembarcar no Brasil, chega a citar nominalmente o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), lembrando que ele foi acusado de “uma série de improbidades” e até mesmo de ele ter “uma conta bancária ilegal no exterior”. Apesar dos termos do relatório, Sarney recebeu Hillary Clinton no Senado, cumprindo a extensa agenda com a secretária em Brasília.

O MRE informa que tomou conhecimento do texto no próprio dia 1º, em que foi divulgado. Além de citar Sarney, o relatório fala sobre o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM), preso por ter sido acusado de atrapalhar investigações sobre um esquema de corrupção no Distrito Federal. Ao criticar desvios no País, o relatório comenta que “processos por crimes de corrupção no governo continuam lentos e poucas condenações na esfera administrativa foram registradas em 2009”.

Em relação à questão de drogas, o relatório da Secretaria de Estado norte-americana diz que o Brasil é o maior consumidor de cocaína do mundo depois dos Estados Unidos. Informa ainda que, em 2009, o País passou a ser um importante canal para o transporte de drogas rumo à Europa e à África. O departamento acrescenta que o tráfico, através do Brasil, aumentou consideravelmente devido ao aumento do cultivo de coca na Bolívia, seu principal abastecedor de pasta base de cocaína e crack.