Beto Richa propõe reduzir o próprio salário em 20%

O prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), enviou ontem à Câmara Municipal, uma mensagem para reduzir em 20% o próprio salário, que deve passar de 19.115,19 para R$ 15.292,15. A decisão foi tomada um dia depois do levantamento comparativo publicado pelo site G1 no domingo, 18, em que Beto aparece como o prefeito de capital com salário mais alto do país. Pelo projeto, a redução salarial deve entrar em vigor a partir de abril.

?Fiquei surpreso com a informação de que o prefeito de Curitiba tinha o maior salário entre as capitais e decidi propor a redução, embora o vencimento tenha sido aprovado pela Câmara Municipal ainda em junho de 2004?, afirmou Beto. Com os descontos, o salário líquido do prefeito de Curitiba deverá ser de R$ 11.316,19.

Na mensagem enviada à Câmara, Beto explica que tomou a iniciativa por se sentir ?profundamente preocupado com atual conjuntura sócio econômica vivida pela população brasileira e, também, para situar o subsídio mensal em patamar próximo ou igual aos subsídios dos demais Prefeitos das capitais brasileiras?.

De acordo com a reportagem do G1, mesmo que os vereadores aprovem a redução do valor, o salário do prefeito de Curitiba continuará a figurar entre os mais altos do país. Sem Beto, a maior remuneração, será a do prefeito de São Luís (MA), Tadeu Palácio (PDT), que ganha R$ 19,1 mil. Terão ainda salário maior que o de Beto outros três prefeitos: Serafim Corrêa (PSB), de Manaus (AM), que ganha R$ 18 mil; Fernando Pimentel (PT), de Belo Horizonte (MG), que recebe R$ 15,9 mil; e Nelsinho Trad (PMDB), de Campo Grande (MS), com R$ 15,58 mil.

Segundo a assessoria do prefeito, logo depois que o G1 publicou que o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), possuía o maior salário entre seus pares, Beto pediu que a Secretaria Municipal de Finanças fizesse um levantamento dos subsídios recebidos pelos prefeitos de capitais brasileiras. Porém, informou a assessoria, o estudo ainda não estava completo.

Insuficiente

Para o presidente do PT de Curitiba, Adenival Gomes, a redução deveria ser ainda menor. Gomes disse que o novo valor vai manter o salário de Beto entre os cinco mais altos do país e cerca R$ 2,6 mil acima da média recebida pelos prefeitos. ?Ainda que tardia e insuficiente, a decisão do prefeito revela a importância da atuação da imprensa, que exerce uma pressão saudável quando se mostra independente de governos?, disse.

Gomes afirmou que ainda no domingo desafiou o prefeito a reduzir o salário e a equipará-lo à média da remuneração recebida pelos prefeitos de capitais, que fica em torno de R$ 12,7 mil. Para isso, diz o presidente do PT de Curitiba, a redução deveria ser de 33%. Gomes lembrou ainda que a remuneração do prefeito serve como base para o teto salarial de todo o serviço público do município.

A assessoria do prefeito estranhou a declaração de Gomes e disse que a questão não tinha sido levantada antes pelo PT. Segundo a assessoria, foi a primeira vez que o dirigente petista fez esse questionamento.

Aumento

No mesmo dia em que propôs a redução em seu próprio salário, informou a assessoria de Beto, o prefeito confirmou o aumento de 5% dado aos servidores municipais. O aumento significa um reajuste acumulado de 17,98% desde junho de 2005 – período em que a inflação acumulada é de 8,99%.

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