A dezesseis dias da eleição, o candidato do PSDB ao governo, Beto Richa, resolveu repetir a estratégia do candidato a presidente do seu partido, o senador José Serra, partindo para ataques mais agressivos aos adversários, num derradeiro esforço para criar alguma perspectiva de passar para o segundo turno das eleições.
No horário eleitoral gratuito da noite de quarta-feira, Beto usou parte do seu programa para desqualificar os senadores Alvaro Dias (PDT) e Roberto Requião (PMDB), os dois primeiros colocados nas pesquisas de intenções de voto. Estacionado em terceiro lugar e a uma boa distância do peemedebista e do pedetista, o tucano mostrou imagens de Requião em conflito com um cinegrafista e lingeries penduradas em um varal com o nome de Alvaro, e que, conforme o programa, seriam distribuídas nos shows do cantor Wando, animador dos comícios do senador.
De acordo com a assessoria de Beto, a intenção é questionar o grau de confiabilidade dos dois adversários ao mostrá-los em situações e momentos desfavoráveis. É o mesmo estilo da campanha presidencial tucana que, neste momento, tenta minar a imagem de Lula. A lógica dos tucanos paranaenses é que diante de 14% de eleitores indecisos, há ainda uma margem para melhorar a posição do candidato apoiado pelo governador Jaime Lerner (PFL).
Segundo Paulino Viapiana, da coordenadoria de comunicação de Beto Richa, duas semanas é um tempo considerável e suficiente para reverter a desvantagem. Além disso, os tucanos acham que o tempo de Beto no horário eleitoral gratuito, maior que o dos adversários, é um trunfo que ainda pode ajudar o candidato a conquistar posições.
De acordo com a assessoria de comunicação do candidato tucano, a primeira fase da campanha serviu para que o programa apresentasse Beto à população. Agora, é a hora de estabelecer as comparações com os adversários. A entrada do governador Jaime Lerner (PFL) e do prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL), na campanha do tucano, também faz parte da estratégia de tentar melhorar o desempenho de Beto na reta final da campanha.
PMDB aciona tucanos
O Departamento Jurídico do PMDB entrou ontem com pedido de direito de resposta aos ataques contra o candidato ao governo, senador Roberto Requião, no horário eleitoral de Beto Richa (PSDB). O partido considerou o programa tucano ofensivo à honra e à imagem de Requião. Na petição enviada ao TRE, com pedido de liminar, os advogados ressaltam que as gravações foram obtidas por meios ilícitos e sem autorização. De acordo com o PMDB, o trecho levado ao ar pelo candidato do PSDB distorce, através de recursos audiovisuais, o contexto da afirmação do senador induzindo o telespectador a uma percepção errada de sua personalidade.
A assessoria de imprensa do senador Alvaro Dias (PDT) informou que o candidato não irá responder aos tucanos no seu programa eleitoral. De acordo com a assessoria, Alvaro decidiu que não irá usar seu tempo para rebater adversários, mas apenas para apresentar seu projeto de governo. Ele tem recorrido à Justiça para solicitar direitos de resposta, quando ofendido, e sua reação às acusações é sempre mostrada no tempo destinado ao adversário.
Distorção
Além de obtenção do VT por meio ilícito, os advogados do PMDB ressaltam que o comentário jocoso de Requião com seus colegas de trabalho foi montado de uma forma a parecer agressivo, exatamente ao contrário da imagem original. Nessa imagem original, Requião estava sorrindo e abraçado a duas pessoas que estavam ao seu lado, mas isso foi propositadamente colocado fora de foco.
A repetição da montagem feita por Beto Richa tem apenas o objetivo de desmoralizar o candidato perante seus eleitores, lembram os advogados. A trucagem incorreu em violação ao Código Eleitoral em seu art. 242.