Bancada do Paraná usa quase toda verba extra

Os deputados federais paranaenses gastaram, em 2007, mais de R$ 4,7 milhões em verba indenizatória, numa média de R$ 156,6 mil para cada um dos 30 parlamentares que formam a bancada do Estado, além dos salários e de outros benefícios que recebem, como verbas para gabinetes.

Com direito a R$ 15 mil mensais para pagar despesas de escritório, transporte, hospedagem e alimentação, entre outros gastos de gabinete, cada deputado teve direito a R$ 180 mil no ano, para os reeleitos, e R$ 165 mil, para os que estão em primeiro mandato, já que o mandato teve início em fevereiro.

Dois parlamentares paranaenses não economizaram um centavo da verba a que tiveram direito. O gabinete de Abelardo Lupion (DEM) teve de fazer muitas contas para não estourar o limite. Com os R$ 18.885,51 gastos no mês de dezembro, o deputado fechou o ano com a conta zerada, gastando exatos R$ 180.000,00. O mês em que mais gastou foi abril, quando utilizou mais de R$ 38 mil, sendo R$ 35 mil para um trabalho de consultoria técnica.

Já o gabinete de Chico da Princesa (PR) não precisou fazer tantas contas assim. De acordo com as informações do gasto com verba indenizatória da Câmara dos Deputados, o deputado gastou exatos R$ 15 mil em todos os meses do ano. E sempre da mesma forma: R$ 5 mil para assessoria técnica, R$ 7 mil para locomoção e hospedagem e R$ 3 mil para contratação de serviços de segurança. ?Este recurso me é destinado por direito, não fui eu que pedi, mas como tenho à disposição, utilizo com planejamento, para melhor executar meu trabalho?, disse o deputado, que justificou a necessidade de usar todos os recursos pelo fato de manter escritórios em Brasília, Curitiba, Londrina, Santo Antônio da Platina e Piraí do Sul. ?Esse é o problema do deputado do interior. Trabalho para uma região de mais de 70 pequenos municípios, tenho que manter assessores perto de todos esses prefeitos para que eles sejam atendidos pelo governo federal?, argumentou, dizendo que utiliza os recursos apenas para a locomoção de seus assessores, pagando muitas de suas despesas ?do próprio bolso?.

Já Ricardo Barros (PP) adota estratégia diferente. ?Tem gente que compromete o recurso em gastos mensais, eu utilizo para pesquisas, e divulgação de minha prestação de contas, geralmente, no final de cada semestre?, disse. O saldo da verba não utilizada em um mês acumula-se para o mês seguinte, dentro de cada semestre. Com saldo acumulado, Barros gastou R$ 37,4 mil em dezembro.

Dos deputados que estão em primeiro mandato, o que mais se aproximou do limite de gastos foi André Vargas (PT), que fechou o ano com R$ 164.795,00 dos R$ 165 mil que teria direito. O mês de junho foi o mais caro para o parlamentar, que gastou R$ 20.360,63, na ?divulgação da atividade parlamentar?, fechando o mês com R$ 31.146,31 gastos.

Divulgação da atividade parlamentar foi um dos itens que mais consumiu a verba indenizatória dos deputados paranaenses. Além deste, serviço de assessoria ou consultoria e gastos com combustíveis foram o destino de grande parte dos recursos.

A verba indenizatória surgiu há sete anos para substituir um reajuste salarial que vinha sendo discutido na Casa e que foi muito criticado pela sociedade. Além do salário mensal e da verba para pagamento do pessoal de gabinete, os deputados passaram a ter direito ao ressarcimento dos gastos com as atividades parlamentares. Apesar de a Câmara divulgar em seu site os valores gastos pelos deputados com a verba indenizatória, a Casa não permite o acesso às notas fiscais apresentadas pelos parlamentares.

Alguns parlamentares não concordam com a liberação destas verbas e não utilizam tais recursos, como Fernando Lopes (PMDB/RJ) e Miro Teixeira (PDT/RJ), mas nenhum paranaense abriu mão do benefício em 2007. O deputado que menos recorreu à verba indenizatória foi Hermes Parcianello (PMDB), que utilizou R$ 108.846,00. Na média, Parcianello utilizou cerca de R$ 5 mil mensais, com aluguel de escritório, combustível e locomoção. No entanto, em abril, o deputado recorreu ao benefício para comprar R$ 31.151,75 em material de expediente e voltou a buscar recursos em novembro (R$ 22.215,60) para a divulgação da atividade parlamentar.

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