Assassinatos em conflitos fundiários cresceram 30%

Relatório anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgado hoje mostra que o ano de 2010 foi marcado por um aumento no número de assassinatos no campo, referentes a conflitos de terra no País, e uma forte elevação nos confrontos por água, causados, por exemplo, pela construção de hidrelétricas. O levantamento, publicado desde 1985 pelo órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mostra uma alta de 30,7% no total de assassinatos, que passaram de 26 em 2009 para 34 em 2010.

O anuário constata ainda crescimento de 20,8% no total de ocorrências de conflitos fundiários, que passou de 528 para 638. O aumento da violência no campo não acompanhou o ritmo das ocupações, que apresentou no período queda de 37,9%, de 290 para 180.

O levantamento indica alta significativa nos confrontos por água, que tiveram alta de 93,3%, de 45 para 87. O número de pessoas envolvidas nesse tipo de conflito, no entanto, apresentou queda, de 201.675 para 197.210. Segundo a CPT, 47 desses conflitos (54%) tiveram relação ao uso e preservação da água, 31 (26,5%) tinham a ver com barragens e açudes e 9 (10,3%) estavam ligados à apropriação particular de água.

O relatório registrou 101 manifestações de protestos no campo em 2010. Desse total, 48,5% (49) envolveram a temática água. Segundo a CPT, 22 dos 49 protestos foram organizados contra a construção da Hidrelétrica de Belo Monte. “Os conflitos relativos às barragens envolvem, por um lado, as comunidades que são atingidas diretamente pela construção e que terão suas terras, casas e benfeitorias alagadas pelo lago formado para o funcionamento da hidrelétrica, e por outro lado envolvem trabalhadores da construção”, diz o estudo.