ANJ protesta contra quebra de sigilo

A iniciativa da assessoria jurídica da campanha do governador licenciado Roberto Requião (PMDB) de pedir ao Ministério Público Estadual a quebra de sigilo telefônico de quatro jornalistas gerou um protesto da Associação Nacional de Jornais (ANJ). A entidade divulgou nota, condenando a posição da coligação Paraná Forte.

?A Associação Nacional de Jornais (ANJ) protesta com veemência contra a iniciativa do governador licenciado do Paraná e candidato à reeleição, Roberto Requião, de pedir ao Ministério Público a quebra do sigilo telefônico dos jornalistas Caio Castro Lima, Karlos Kohlbach e Celso Nascimento, da Gazeta do Povo, e Mari Tortato, da Folha de S. Paulo?, diz a nota, citando os jornalistas que produziram matérias sobre o caso para os dois jornais.

A assessoria jurídica do governador solicitou a abertura do sigilo telefônico dos profissionais alegando que houve vazamento de informações sobre o depoimento prestado pelo policial civil Délcio Razera, na Promotoria de Investigação Criminal. Ele foi preso sob a acusação de comandar um esquema de grampos telefônicos e seu nome foi associado ao governo porque estava à disposição da Casa Civil.

A Associação Nacional dos Jornais considerou a representação da coligação uma tentativa de cerceamento do trabalho dos meios de comunicação. ?É lamentável que candidatos a mandatos populares pretendam impedir o livre acesso da sociedade às informações e, mais grave ainda, pressionar profissionais da imprensa mediante a quebra do seu sigilo telefônico. O pleno exercício do jornalismo é de interesse de todos os cidadãos e a tentativa de cerceá-lo demonstra vocação autoritária e falta de espírito democrático?, afirma a nota, assinada pelo presidente da entidade, Nelson P. Sirotsky.

A entidade acusou o governador de tentar exercer censura prévia ao jornal Folha de S.Paulo ao requerer ao Ministério Público Estadual a proibição de publicação de reportagem sobre o caso envolvendo o policial civil. ?A ANJ espera que a Justiça, da mesma forma que se recusou a exercer censura prévia sobre a Folha, não acate o injustificável pedido de quebra do sigilo telefônico dos jornalistas. Seria uma agressão à liberdade de imprensa e um desserviço à democracia?, afirmou.

O Estado do Paraná procurou ontem a assessoria jurídica de Requião, mas não conseguiu contato com os advogados. 

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