Amorim nega tensão entre Brasil e Estados Unidos

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, negou hoje haver tensão nas relações entre Brasil e Estados Unidos em consequência das divergências entre os dois países sobre as eleições e a situação política de Honduras. Pouco antes de participar do encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-secretário geral da ONU Kofi Annan, no Hotel Sofitel, no Rio, Amorim explicou que as diferenças de posição não são suficientes para gerar crise entre Brasília e Washington.

“Não há tensão alguma na relação entre Brasil e Estados Unidos. Nós temos é que nos acostumar a ter diferenças. E, no passado, já tivemos em relação à ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), em relação à OMC (Organização Mundial do Comércio). Isso não gera tensão”, disse Amorim. “Nós estamos em latitudes diferentes. Brasília está no hemisfério sul, Washington, no hemisfério norte. É natural que as coisas, às vezes, sejam vistas de forma diferente. Isso não deve ser e não é razão para tensão”, reafirmou.

Carta

Amorim também confirmou o recebimento de uma carta assinada pelo presidente dos EUA, Barack Obama, em que a questão hondurenha é abordada, e disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá respondê-la de forma “educada, adequada, mostrando seu ponto de vista, sempre salientando a possibilidade de cooperação, não deixando de salientar o ângulo como a gente vê as coisas”, disse.

O ministro afirmou que só soube das críticas do assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia à política externa americana “pela manchete do jornal”. Ontem, o assessor do presidente qualificou como equivocada a posição do governo Obama sobre a crise política hondurenha e disse estar decepcionado e “com certa frustração” com os andamentos da política externa do presidente americano.

O ministro também avaliou de forma negativa o andamento do processo político em Honduras. “Sem o retorno do presidente Zelaya ao poder, todos os países da América Latina e do Caribe já declararam que não reconhecerão o novo governo. Eu não sei, no futuro, o que vai acontecer com os outros países, mas o Brasil continua firme nessa posição”, ressaltou Amorim.

Amorim também negou que se os desentendimentos entre Brasil e Estados Unidos possam ter se radicalizado depois que o país recebeu a visita oficial do presidente Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na segunda-feira. Segundo ele, os Estados Unidos sempre incentivaram o Brasil a “transmitir certas mensagens” ao líder iraniano. “Não vejo como (a visita possa ter gerado problemas). Isso é um pouco de fantasia da mídia brasileira”, disse o ministro.