Reconciliação

“Amigos de Requião” não querem aliança com PSDB

A movimentação de setores do PMDB para subir no palanque tucano na sucessão estadual do próximo ano já provocou uma reação das alas contrárias a esse rumo eleitoral.

Ontem, integrantes do partido e membros do governo receberam uma carta apócrifa, assinada apenas como “amigos de Roberto Requião”, relembrando as desavenças entre o governador Roberto Requião (PMDB) e o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB).

Com o título “Para nunca mais esquecer”, o texto rememora o início das animosidades entre o governador e o prefeito, que começou com uma denúncia de Requião contra o ex-diretor administrativo do DER (Departamento Estadual de Estradas de Rodagem) José Richa Filho e culminou em uma carta aberta da família Richa, divulgada exatamente há dois anos, em 13 de fevereiro de 2007, em que Requião é acusado de “desequilibrado” e “covarde”.

O texto, em que seus autores justificam que é para “refrescar a memória” diz que aqueles que esqueceram desses fatos estão sendo desleais a Requião e que nenhuma possibilidade de reconciliação é possível sem que o prefeito de Curitiba se desculpe pelos termos que usou à época.

“Pessoa alguma que se diga próxima do governador Requião, que prive de sua amizade, que se considere aliado político e partidário poderá, agora, desconhecer tão graves ofensas. Sem um pedido formal e público da parte do prefeito Beto Richa, qualquer tentativa de aproximação com o prefeito deve ser considerada um ato de traição ao governador Roberto Requião”, diz a carta remetida aos correligionários e auxiliares do governador.

Cisma

Em 2004, quando Beto foi eleito, Requião o recebeu com pompas no Palácio Iguaçu. Mas em 2006, quando o prefeito de Curitiba seguiu com a ala tucana que apoiou a candidatura do senador Osmar Dias ao governo, no segundo turno da eleição, contra a posição do grupo que defendia a aliança com o PMDB, as relações foram rompidas. Beto havia ficado neutro no primeiro turno da eleição.

Depois da disputa de 2006, não houve recomposição. Em 2007, Requião acusou Richa Filho de fazer pagamentos irregulares a uma empreiteira quando era diretor do DER no governo de Jaime Lerner.

A família Richa reagiu e, em carta publicada em vários jornais, classificou a denúncia como “um ato de desequilíbrio” do governador e fez várias críticas ao comportamento político do peemedebista.

O governador e o prefeito estão com as relações cortadas há dois anos, mas seus aliados mantêm o diálogo. Parte dos deputados estaduais do PSDB está na base de apoio de Requião e alguns peemedebistas até apoiaram a reeleição de Beto Richa na campanha eleitoral do ano passado.

No início deste ano, começaram as especulações sobre um possível acordo para 2010, reforçadas pelas negociações das direções nacionais dos dois partidos para a sucessão presidencial do próximo ano.